O Estado de S. Paulo

Miller orientou gravação, diz advogado

- BRASÍLIA / F.S. e RENAN TRUFFI

O advogado Rodrigo Tacla Duran disse, em depoimento aos deputados Wadih Damous (PT-RJ) e Paulo Pimenta (PTRS), integrante­s da CPI da JBS, que participou de uma reunião com integrante­s da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, na qual o ex-procurador Marcello Miller pediu a ele que gravasse uma conversa com advogados da Odebrecht.

O depoimento foi colhido no sábado passado, em Madri, onde Duran se mantém foragido da Justiça brasileira. O advogado tem ordem de prisão expedida pelo juiz Sérgio Moro.

Miller é um dos alvos da CPI por causa de sua atuação nas negociaçõe­s do acordo de colaboraçã­o de executivos do Grupo J&F. O ex-procurador é suspeito de ter trabalhado para a em- presa enquanto ainda ocupava o cargo no Ministério Público.

Segundo o advogado, o pedido de Miller ocorreu durante negociaçõe­s com a força-tarefa. Em um desses encontros, disse Duran aos deputados, ele informou aos procurador­es sobre uma reunião da qual participar­ia e que teria a presença de advogado da Odebrecht. Neste momento, relatou, Miller pediu que ele gravasse a conversa dos advogados. “O (procurador) Sérgio Bruno foi um pouco contra, se mostrou contrário ao que havia sido proposto, e disse: ‘Vai lá e conta pra nós depois’.”

Em nota, a defesa de Miller confirmou que ele esteve com Duran, mas que “nunca orientou ou sugeriu qualquer pessoa a fazer gravações para obter provas em processos de delação”.

Procurado, Sérgio Bruno não respondeu os contatos da reportagem. A Odebrecht informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que as atividades de Duran foram informadas pela empresa às autoridade­s no processo de colaboraçã­o com a Justiça.

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