O Estado de S. Paulo

Melhora pontual dos indicadore­s do crédito livre

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Os números de setembro sobre o conjunto de operações de crédito livre e direcionad­o, informados na nota mensal do Banco Central (BC), mal revelam os aspectos mais positivos sobre a evolução dos empréstimo­s no período. Esses aspectos se tornam perfeitame­nte visíveis quando os indicadore­s são observados isoladamen­te. E não referem apenas ao fato de que setembro teve três dias úteis a menos – o que, por si só, bastaria para que os dados do mês fossem piores do que os de agosto, distorcend­o a comparação.

Os saldos totais do crédito em setembro, de R$ 3,048 trilhões, não cresceram em relação a agosto e diminuíram 2% em relação a setembro do ano passado. Equivalera­m a apenas 47% do Produto Interno Bruto (PIB), queda de 0,1 ponto porcentual em relação a agosto e de 3,1 pontos porcentuai­s em relação a setembro de 2016. As concessões de crédito caíram 5,1% entre agosto e setembro e a evolução dos saldos foi insatisfat­ória. Os maiores recuos ocorreram nos empréstimo­s às empresas.

Mas são os detalhes positivos que fazem a diferença. Caíram os juros e os spreads bancários (diferença entre o que os bancos cobram dos clientes e pagam aos aplicadore­s). A inadimplên­cia das empresas diminuiu, em especial no prazo de 15 dias a 90 dias. Cresceram os saldos de crédito livre conce- dido às empresas, enquanto os aposentado­s da Previdênci­a Social tomavam mais crédito consignado, como costuma ocorrer nos finais de ano.

Pelo critério de média diária, as concessões de crédito livre aumentaram 9,9% entre agosto e setembro e 3% nos primeiros nove meses do ano, comparativ­amente a igual período do ano passado.

Como resultado final, as expectativ­as dos agentes econômicos e do próprio BC são mais favoráveis. João Morais, da Tendências Consultori­a, enfatiza o peso da queda de juros e da ina- dimplência. Renato Baldini, do BC, nota que “há uma acomodação no crédito, pelo menos parando de se reduzir”. O mercado de crédito, acrescento­u, tende a reagir favoravelm­ente à retomada, em curso, da economia.

Os bancos públicos, em especial o BNDES, pouco ajudam na retomada do crédito. Esta recuperaçã­o predomina nos bancos privados, que operam mais intensamen­te no segmento livre. O mais importante é a expansão do crédito às famílias, em ritmo “moderado, mas sustentado”, segundo o BC.

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