Igreja diz que Cabral induziu religiosos
O advogado Heckel Garcez, que representa a Igreja Batista do Méier, afirmou que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) pediu a religiosos da igreja que assinassem documento que permitia a instalação de uma cinemateca na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio, onde o peemedebista está preso.
Segundo o advogado, Cabral fez o pedido após um culto na penitenciária. O documento assinado pelos religiosos autoriza a doação de itens eletrônicos em nome da Igreja Batista do Méier e da Comunidade Cristã Novo Dia, representadas pelo pastor Carlos Serejo, que é capelão prisional, pela missionária Clotilde de Moraes e pelo pastor Cesar Dias de Carvalho.
Na terça-feira, a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária suspendeu a instalação da cinemateca e o Ministério Público Estadual do Rio passou a investigar o caso.
Os religiosos que aparecem como doadores dos equipamentos para a cinemateca foram “induzidos” por Cabral, de acordo com o advogado. “É fato que Carlos Serejo e os outros agentes religiosos foram induzidos (enganados) a cometer o equívoco de assinar a doação, sendo usados e manipulados por um homem ardiloso cuja vida traduz a sua astúcia e o poder de manobra para conseguir o que almeja”, afirmou o defensor.
O advogado relatou que os religiosos foram chamados por Cabral à biblioteca da penitenciária em 27 de outubro. Lá, o ex-governador teria exposto a necessidade de que um representante de instituição religiosa assinasse documento de doação de equipamentos eletrônicos, avaliados em R$ 23 mil. Segundo Garcez, Cabral disse que a cinemateca seria de uso coletivo.
O pastor João Reinaldo Purin, presidente da Igreja Batista do Méier, disse que Clotilde e Serejo foram afastados de suas funções no presídio.
A defesa do ex-governador do Rio e o Ministério Público Estadual não responderam aos contatos do Estado até a conclusão desta edição.