O Estado de S. Paulo

Vice de Cristina é preso

Amado Boudou é acusado de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha; desde 2016, ao menos 15 kirchneris­tas foram detidos

- BUENOS AIRES

Amado Boudou é acusado de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro no período em que estava no governo de Cristina Kirchner.

O ex-vice-presidente da Argentina Amado Boudou foi preso ontem de manhã em sua casa, no bairro de Puerto Madero, em Buenos Aires. O político é acusado de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro no período de 2009, quando estava no Ministério da Economia, até 2015, quando finalizou o seu mandato como vice-presidente de Cristina Kirchner.

A detenção é um novo revés para a ex-presidente, que há 10 dias viu Julio de Vido, seu ex-ministro do Planejamen­to, também ser preso. Segundo apuração do jornal argentino La Nación, desde 2016, quando o presidente Mauricio Macri assumiu o governo, 15 kirchneris­tas foram detidos.

Embora Cristina tenha conquistad­o uma vaga de senadora na última eleição legislativ­a, a oposição e os peronistas que romperam com o kirchneris­mo teriam votos no Congresso para rever a imunidade parlamenta­r dela.

A operação dos agentes da Prefeitura Naval Argentina prendeu Boudou, de pijamas e descalço, às 7 horas. Depois de algumas horas, ele foi levado aos tribunais federais de Comodoro Py para responder às acusações do inquérito. Por lá, Boudou reencontro­u seu sócio José María Núñez Carmona, também preso por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, no mesmo mandado.

Na ordem judicial redigida pelo juiz Ariel Lijo, o ex-vice-presidente é apresentad­o como che- fe da quadrilha. Carmona seria o organizado­r. Outros integrante­s seriam Alejandro Vandenbroe­le e Juan Carlos López. O grupo teria, por meio de contratos público-privados com empresas das quais eram acionistas ou diretores, movimentad­o R$ 4 milhões.

“A estrutura da associação ilícita se desdobrava em papéis distintos com pleno conhecimen­to e coordenaçã­o dos acusados para a prática de graves delitos de corrupção, valendo-se do alto cargo público que ocupava Amado Boudou”, afirma o mandado de prisão.

Além dos quatro nomes citados no mandado, a ex-mulher de Boudou, Agustina Kämpfer, também é mencionada no documento. Ela é acusada de colocar R$ 396 mil de origem ilícita no mercado, por meio da compra de um imóvel em 2010. “Devese destacar que Agustina Kämpfer não possuía a capacidade econômica para comprar a propriedad­e indicada e, portanto, esse dinheiro tem relação com Boudou”, diz o documento expedido por Lijo.

O advogado de defesa de Boudou, Eduardo Durañona, conforme o La Nación, afirmou estar surpreendi­do com a prisão do ex-vice-presidente. “Me surpreende a prisão em uma causa que tem tantos anos de processo”.

Enquanto Boudou e Carmona estão presos preventiva­mente, os outros três citados no mandado derão depoimento à Justiça argentina ainda este mês.

Pelo Twitter, a ex-presidente Cristina comentou sobre a prisão de seu ex-comandado. “Está em risco a democracia argentina”. “O governo Macri está utilizando o poder Judiciário para perseguir os dirigentes opositores.”

Presidente do partido Miles e kirchneris­ta histórico, Luis D’Elía também saiu em defesa de Boudou, mas cobrou posição de Cristina. “Não pode bancar a idiota”. “Tem que armar um comando tático e estratégic­o para a resistênci­a em todo o país.”

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MARTIN ACOSTA/REUTERS Algemado. Boudou chega a tribunal, escoltado por policiais

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