Coreia do Norte será tema central de Trump à Ásia
Presidente americano reforçará compromissos de defesa com Japão e Coreia do Sul e pedirá mais pressão da China
A Coreia do Norte dominará o início da viagem que o presidente Donald Trump fará à Ásia a partir de segunda-feira, na qual reafirmará os compromissos de defesa dos EUA com Japão e Coreia do Sul e tentará convencer a China a aumentar a pressão para que Pyongyang abandone o seu programa nuclear.
Trump também tentará reivindicar liderança regional em temas econômicos, depois do abalo provocado por sua decisão de retirar os EUA da Parceria Transpacífica (TPP). O acordo comercial reuniria 40% do PIB mundial e não teria participação da China.
Nos encontros que terá com Xi Jinping a partir de quarta-feira, Trump demandará “reciprocidade” nas relações econômicas bilaterais, o que na prática significaria redução de barreiras comerciais, abertura de setores hoje fechados ao capital externo e fim da exigência de transferência de tecnologia a empresas americanas que investem no país.
Mas a Coreia do Norte estará no centro das conversas. “Trump gostaria que Xi Jinping usasse seu poder para mudar o comportamento da Coreia do Norte”, afirmou Scott Snyder, especialista em península coreana do Council on Foreign Relations. “Os EUA acreditam que a China tem uma influência econômica única sobre a Coreia do Norte, que pode ser mobilizada.”
Em conferência telefônica sobre a viagem, na quarta-feira, um assessor da Casa Branca disse que a China fez até agora mais do que era esperado em relação a Pyongyang. “Os EUA estão trabalhando mais próximos do que nunca com a China no problema norte-coreano.” Mas ele ressaltou que ainda há mais a fazer, se for considerado o fato de que a China responde por 90% do fluxo de comércio da Coreia do Norte.
Snyder é cético quanto à possibilidade de sucesso da pressão externa. “Não vemos ne- nhuma evidência de que Coreia do Norte tenha interesse em abandonar seu programa nuclear. Eles estão interessados em se engajar com o mundo exterior com o status de potência nuclear, mas os EUA não estão preparados para aceitar isso.”
Negócios. As conversas com a China sobre comércio e investimentos prometem ser tensas. “O progresso em um número de questões econômicas bilaterais se tornou cada vez mais difícil”, disse outro assessor da Casa Branca na mesma conferência telefônica. É praxe que sua identidade não seja revelada. “Nós acreditamos que i sso reflete uma desaceleração ou até um recuo no movimento da China na direção de uma economia de mercado.”
Snyder disse que a saída do TPP representou um golpe na capacidade dos EUA de desempenharem liderança econômica na região. Mas ele não está seguro que a China poderá ocupar esse espaço.