O Estado de S. Paulo

Coreia do Norte será tema central de Trump à Ásia

Presidente americano reforçará compromiss­os de defesa com Japão e Coreia do Sul e pedirá mais pressão da China

- Cláudia Trevisan CORRESPOND­ENTE / WASHINGTON

A Coreia do Norte dominará o início da viagem que o presidente Donald Trump fará à Ásia a partir de segunda-feira, na qual reafirmará os compromiss­os de defesa dos EUA com Japão e Coreia do Sul e tentará convencer a China a aumentar a pressão para que Pyongyang abandone o seu programa nuclear.

Trump também tentará reivindica­r liderança regional em temas econômicos, depois do abalo provocado por sua decisão de retirar os EUA da Parceria Transpacíf­ica (TPP). O acordo comercial reuniria 40% do PIB mundial e não teria participaç­ão da China.

Nos encontros que terá com Xi Jinping a partir de quarta-feira, Trump demandará “reciprocid­ade” nas relações econômicas bilaterais, o que na prática significar­ia redução de barreiras comerciais, abertura de setores hoje fechados ao capital externo e fim da exigência de transferên­cia de tecnologia a empresas americanas que investem no país.

Mas a Coreia do Norte estará no centro das conversas. “Trump gostaria que Xi Jinping usasse seu poder para mudar o comportame­nto da Coreia do Norte”, afirmou Scott Snyder, especialis­ta em península coreana do Council on Foreign Relations. “Os EUA acreditam que a China tem uma influência econômica única sobre a Coreia do Norte, que pode ser mobilizada.”

Em conferênci­a telefônica sobre a viagem, na quarta-feira, um assessor da Casa Branca disse que a China fez até agora mais do que era esperado em relação a Pyongyang. “Os EUA estão trabalhand­o mais próximos do que nunca com a China no problema norte-coreano.” Mas ele ressaltou que ainda há mais a fazer, se for considerad­o o fato de que a China responde por 90% do fluxo de comércio da Coreia do Norte.

Snyder é cético quanto à possibilid­ade de sucesso da pressão externa. “Não vemos ne- nhuma evidência de que Coreia do Norte tenha interesse em abandonar seu programa nuclear. Eles estão interessad­os em se engajar com o mundo exterior com o status de potência nuclear, mas os EUA não estão preparados para aceitar isso.”

Negócios. As conversas com a China sobre comércio e investimen­tos prometem ser tensas. “O progresso em um número de questões econômicas bilaterais se tornou cada vez mais difícil”, disse outro assessor da Casa Branca na mesma conferênci­a telefônica. É praxe que sua identidade não seja revelada. “Nós acreditamo­s que i sso reflete uma desacelera­ção ou até um recuo no movimento da China na direção de uma economia de mercado.”

Snyder disse que a saída do TPP represento­u um golpe na capacidade dos EUA de desempenha­rem liderança econômica na região. Mas ele não está seguro que a China poderá ocupar esse espaço.

 ?? JONATHAN ERNST/REUTERS ?? A caminho. Trump desce de helicópter­o na base Andrews, em Maryland, antes de embarcar no avião Air Force One
JONATHAN ERNST/REUTERS A caminho. Trump desce de helicópter­o na base Andrews, em Maryland, antes de embarcar no avião Air Force One

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil