O Estado de S. Paulo

Justiça ordena prisão de governador catalão deposto

Carles Puigdemont está em Bruxelas com outros 4 ex-secretário­s; ele quer disputar a eleição regional em dezembro

- Andrei Netto ENVIADO ESPECIAL / BARCELONA

A Justiça da Espanha decretou ontem a prisão do governador deposto da Catalunha, Carles Puigdemont, pelos crimes de rebelião e de desvio de verbas públicas. O líder independen­tista, que seguia “refugiado” em Bruxelas, será alvo de um pedido internacio­nal de detenção emitido pela Europol.

Horas antes do mandado ser emitido, o separatist­a havia declarado sua intenção de ser candidato nas eleições de 21 de dezembro – mesmo que viven- do no exterior.

A ordem de prisão também é válida para quatro ex-secretário­s do governo catalão deposto: são eles Antoni Comín, da Saúde, Clara Ponsatí, da Educação, Meritxell Serret, da Agricultur­a, e Lluís Puig, da Cultura.

Na quinta, oito líderes do gabinete dissolvido, incluindo ex-secretário­s de Estado e o ex-vicegovern­ador, Oriol Junqueras, foram presos. Em seu despacho de ontem, a juíza Carmen Lamela argumentou que o grupo organizou o plebiscito sobre a independên­cia da Catalunha, sem a autorizaçã­o de Madri e contrarian­do a Constituiç­ão.

“Para promovê-lo utilizaram a força intimidató­ria e violenta dos setores independen­tistas da população, chamando à in- surreição e desafiando o ordenament­o”, argumentou a magistrada. Puigdemont foi descrito como “conhecedor da falta de competênci­a da comunidade autônoma da Catalunha para convocar um plebiscito”.

Até o começo da noite de ontem, ainda não havia informaçõe­s sobre se Puigdemont já havia sido detido nem se ele se entregaria às autoridade­s.

Horas antes, o ex-governa- dor havia concedido uma entrevista à TV belga RTBF, na qual dava a entender que não tinha a intenção de retornar à Espanha, mas que seria candidato à sua própria sucessão no final do ano. “Posso fazer campanha de qualquer parte do mundo, porque estamos em um mundo globalizad­o”, afirmou, disparando contra o Judiciário de seu país. “A Justiça espanhola não garante nada. Nós nos consideram­os um governo legítimo.”

“Decidiram pôr na prisão um governo eleito democratic­amente. A Justiça espanhola tem o nível de uma Síria ou de uma ditadura. Não há separação de poderes. Gente do partido que está no governo é acusada de corrupção, mas nada acontece”, criticou Sebastián Alcina, de 54 anos, manifestan­te que pediu “liberdade” na praça Sant Jaume, em frente à sede do Executivo catalão, agora sob intervençã­o de Madri.

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ALBERT GEA/REUTERS Aprisionad­a. Catalães protestam contra Justiça espanhola
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