O IGP-M de 2017 deverá acusar deflação
O indicador mais utilizado para corrigir os aluguéis – o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) – registrou alta de apenas 0,20% em outubro e caiu 1,91% entre janeiro e outu- bro. Isso se deveu, em especial, à queda de preços no atacado. E é muito provável que haja deflação em 2017, o que não ocorria desde 2009. Isso significa que o preço de ativos corrigidos pelo IGP-M poderá até oscilar para baixo no período, inclusive o valor de aluguéis.
Não se deve falar em anomalia, pois o IGP-M é formado por preços ao consumidor, custo da construção e preços no atacado. Estes aparecem no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA, em que alimentos e commodities têm peso dominante) e pesam 60% no IGP-M.
Variações intensas nos preços do minério de ferro, da soja, do leite e da carne – no Brasil ou nos mercados internacionais – podem determinar o acentuado sobe e desce do IGP-M. Nesta década, o índice chegou a oscilar entre um mínimo de 3,78%, em 2014, e um máximo de 10,70%, em 2015, com implicações relevantes para os contratos por ele corrigidos.
Em 2017, o IGP-M mensal foi negativo entre abril e julho, mas voltou ao campo positivo desde agosto, com o clima que afetou o preço de alimentos.
Ainda assim, as altas recentes devem ser atribuídas a poucos itens, como bens intermediários (combustíveis e lubrificantes), além de produtos agropecuários (milho, soja, batata inglesa e carne bovina). Ao contrário, itens como minério de ferro, leite in natura, ovos, açúcar e cana-de-açúcar jogaram o indicador para baixo.
A alta – por ora pouco expressiva – do IGP-M tem como principal motivo um fato positivo: o aumento da demanda da indústria, que é o setor que registra recuperação mais forte neste ano. Mas, como a retomada econômica em geral é lenta, não se deve esperar maiores pressões de preços decorrentes da demanda interna. Volatilidade maior virá, se vier, dos mercados globais.
O IGP-M baixo é relevante, em 2017, ao contribuir para desarmar expectativas inflacionárias. Se registrar -0,87% no ano, como preveem os economistas ouvidos pelo boletim Focus, do Banco Central, ficará bem distante da inflação oficial (IPCA) estimada em 3,08%. Já para o ano que vem as estimativas divulgadas no último boletim Focus são bastante próximas: 4,02% para o IPCA e 4,39% para o IGP-M.