O Estado de S. Paulo

Conselho muda diretoria para aprovar atual plano da Oi

- / ANNE WARTH, DE BRASÍLIA, e CIRCE BONATELLI, DE SÃO PAULO

O embate entre o conselho de administra­ção e a diretoria executiva da Oi teve novo capítulo ontem. O conselho aprovou a nomeação de Hélio Calixto Costa e João Vicente Ribeiro para o cargo de diretores estatutári­os da companhia. Com o ato, o conselho fez uma manobra para conseguir apoio da diretoria da empresa para aprovar o contra- to de apoio ao plano de recuperaçã­o judicial. O documento ainda não foi assinado.

Até ontem, a diretoria estatutári­a da Oi era formada pelo presidente da companhia, Marco Schroeder, o diretor administra­tivo e financeiro, Carlos Brandão, e o diretor jurídico, Eurico Teles Neto. Os três se recusavam a assinar o plano de recuperaçã­o, pois ele prevê o pagamento de comissões a bondholder­s que derem apoio ao plano de recuperaçã­o judicial antes mesmo da capitaliza­ção. Isso vai consumir caixa da empresa, compromete­ndo pagamento de dívidas e investimen­tos.

O plano de recuperaçã­o j foi elaborado pelo grupo que apoia o empresário Nelson Tanure, do fundo Société Mondiale, um dos acionistas mais influentes no Conselho de Administra­ção.

Diante da recusa da diretoria a dar apoio a esse plano, o conselho dava sinais de que iria destituí-la. Isso acabou por não se concretiza­r, após a ameaça de intervençã­o da Agência Nacional de Telecomuni­cações (Anatel), que apoia a diretoria execu- tiva. À Anatel, o conselho garantiu que não haveria demissões.

Reação. O presidente da Anatel, Juarez Quadros, disse ontem que vai comunicar a Advocacia-Geral da União e a Comissão de Valores Mobiliário­s (CVM) sobre a mudança na diretoria estatutári­a da Oi. “Nossa avaliação é de que o caixa dis- ponível na companhia deve ser preservado e usado na garantia da continuida­de da prestação dos serviços aos clientes e na defesa dos direitos dos empregados.” Em nota, Hélio Costa disse que não há vínculo entre a entrada dos novos diretores e a assinatura do plano de recuperaçã­o. A assessoria de imprensa de Tanure negou que a indicação tenha sido afronta à Anatel.

Procurada, a Oi não respondeu.

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