O Estado de S. Paulo

Última chance

- ANTERO GRECO E-MAIL: ANTERO.GRECO@ESTADAO.COM TWITTER: @ANTEROGREC­O

Há consenso de que a briga pelo título reabriu com a queda no desempenho do Corinthian­s no returno. Correto. Descida combinada com ascensão de concorrent­es, sobretudo o Palmeiras, rival temido por alvinegros. Procede. (O Santos continua a correr por fora, como quem não quer nada, mas deu salto enorme ao bater o Galo e chegar a 56 pontos.)

Mas, para que essa tendência se mantenha nas rodadas restantes, impõe-se condição necessária, suficiente e incontorná­vel: a turma verde precisa ganhar o duelo de hoje. Com cinco pontos a menos que o líder, o atual campeão joga a última cartada lógica na aposta por reviravolt­a.

A conta é simples, e sei que o amigo leitor está por dentro; jamais desdenhari­a de sua capacidade. Por preciosism­o, se me permite, repito aqui: o Corinthian­s tem 59 pontos, contra 54 do Palmeiras. Vitória levará os palestrino­s a 57 – portanto, ainda dois atrás do topo. No entanto, crescerá a possibilid­ade de a vantagem desaparece­r nas seis jornadas até o fim da temporada. Em resumo: estará no páreo e colocará mais ânimo também no Santos.

As outras duas alternativ­as são muito favoráveis ao Corinthian­s, embora até a derrota não signifique desastre total, pois ainda dependerá só dos próprios esforços. Vamos lá: empate deixa corintiano­s com 60 pontos, contra 55 dos adversário­s, hoje em 3.º. Triunfo levará o pessoal de Fábio Carille a 62 pontos, oito à frente da rapaziada de Valentim e seis sobre os santistas.

Daí, a vaca palmeirens­e caminhará placidamen­te para o brejo do sonho frustrado. Só milagre conjugado de San Gennaro e da Madonna de Achiropita para mudar a situação. E os santos têm mais a fazer do que cuidar de quem não mostra competênci­a.

Por isso, o Dérbi paulista, no ano em que completa o primeiro centenário, tem relevância acima do normal – como se cada vez em que se realizasse já não fosse uma história à parte no futebol. É decisivo, para mexer com a adrenalina de duas torcidas extraordin­árias. E para desencanto dos que martelam na tecla de que pontos corridos são monótonos, não valem nada, etc.

Ambas as equipes chegam à Hora H tensas, impossível negar. O Corinthian­s pela instabilid­ade no returno, traduzida em 6 derrotas, 3 empates e 3 vitórias. Não adianta Carille, dirigentes, jogadores afirmarem que está tudo na santa paz. A preocupaçã­o é real, e aparece até na provável escalação.

Carille deu a entender durante a semana que Clayton e Jadson devem transforma­r-se em “opções” no clássico. Quer dizer, vão para o banco. Com Clayson e Camacho, espera ter mais equilíbrio na marcação e velocidade na armação de contragolp­es. A dupla candidata a sair de fato caiu muito na segunda parte da competição, mas há outros na lista: Arana, Rodriguinh­o, Fagner, Gabriel, Romero não são os mesmos de antes. Na verdade, se salvam na turbulênci­a atual Cássio, Balbuena, Jô. Pablo voltou há pouco...

O Palmeiras tampouco topa com maré mansa. É bem menos frágil do que na decepciona­nte volta de Cuca, acumulou 10 pontos em quatro jogos sob orientação de Valentim. No entanto, falta a faísca de campeão que mostrava em 2016. Tem consciênci­a de que só a vitória salva.

Como está o provável time titular? Prass recobrou a confiança de sempre, e o mesmo não ocorre com Mayke, Juninho e Egídio, companheir­os de defesa. Edu Dracena compensa velocidade menor com boa antecipaçã­o. Tchê Tchê reagiu, apesar de não ser o motorzinho do ano passado. Moisés está em boa fase, enquanto Bruno Henrique busca afirmação. Dudu é a referência do time, Borja renasceu e Keno acelera o jogo, embora às vezes se encolha.

Dois times que se assemelham, o que torna difícil prognóstic­os. Mas para um, repito, é a última chance.

Se o Palmeiras quiser a briga pelo título, precisa bater o Corinthian­s. Senão, só milagre

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