O Estado de S. Paulo

Conselho aprova apoio a plano de recuperaçã­o da Oi

Tanure, um dos principais acionistas da operadora, reforçou arsenal para colocar de pé proposta que contraria diretoria e credores mais relevantes

- Circe Bonatelli

O empresário Nelson Tanure, acionista mais influente da Oi, reforçou neste feriado seu arsenal para tentar colocar de pé o plano de recuperaçã­o judicial da empresa apresentad­o em outubro. A proposta contraria a diretoria e os credores mais relevantes, incluindo o governo federal.

Na manhã de ontem, a Oi informou que seu conselho de administra­ção – onde a maioria dos membros apoia Tanure – aprovou uma nova versão do plano de apoio de recuperaçã­o judicial (Plan Support Agreement - “PSA”). Além disso, rejeitou uma proposta alternativ­a de recuperaçã­o para a operadora enviada por Moelis, G5 e FTI Consulting, representa­ntes do maior grupo de detentores de títulos internacio­nais, os chamados bondholder­s.

O PSA é uma espécie de préacordo de adesão ao plano de recuperaçã­o da Oi. Os credores que assinarem o papel terão de votar a favor do plano na assembleia de 10 de novembro, além de assumir o compromiss­o de participar da injeção de recursos na operadora.

O plano prevê a capitaliza­ção de R$ 9 bilhões, sendo R$ 3 bilhões em conversão de dívidas e R$ 6 bilhões em novos aportes divididos entre bondholder­s (R$ 3,5 bilhões) e acionistas (R$ 2,5 bilhões). A nova versão do PSA deve ser protocolad­a na 7ª Vara Empresaria­l do Rio de Janeiro amanhã, e a expectativ­a de fontes ligadas ao grupo de Tanure é que haja adesão e assinatura de credores no começo da semana.

O documento sofreu algumas alterações, segundo fontes. Uma das mudanças é que o PSA adota termos genéricos para o tratamento de dívidas da Agência Nacional de Telecomuni­cações (Anatel) – tema de maior conflito com o governo. Isso permitiria à Oi acomodar soluções que o governo venha a propor para o encaminham­ento das dívidas públicas.

Outra novidade do PSA é que, se houver proposta mais vantajosa, a Oi pode romper o documento, mantendo termos econômicos equivalent­es para os credores que já tiverem assinado o pré-acordo. Também estaria previsto o pagamento de multa pelo distrato.

Também está previsto que, se o plano de recuperaçã­o judicial não for aprovado na assembleia geral de credores, o PSA não entrará em vigência. Por fim, se a aprovação do plano atrasar, o PSA morre, pois tem validade até 31 de dezembro.

Apesar das mudanças, o problema do documento continua o mesmo: ele prevê o pagamento de comissões aos credores como contrapart­ida ao compromiss­o de participaç­ão no aumento de capital. Esse “seguro” poderia chegar a R$ 700 milhões, deixando o caixa da empresa desabastec­ido, cenário que desagrada a atual diretoria e o governo federal, que apontam o comprometi­mento de recursos da Oi para fazer frente aos investimen­tos futuros, bem como para honrar outras dívidas.

Para contornar as divergênci­as enfrentada­s até aqui com a diretoria, a outra jogada de Tanure foi aprovar a nomeação de dois novos diretores estatutári­os na Oi. Esses executivos podem assinar o PSA com credores, ainda que os demais diretores discordem dos termos.

Planos alternativ­os. A Oi também informou na manhã de ontem que rejeitou proposta encaminhad­a por Moelis, G5 e FTI. Conforme o Broadcast apurou, o acordo previa o aporte de até R$ 4 bilhões pelos bondholder­s e determinav­a a entrega de 88% do capital da companhia em troca das dívidas. Os passivos da tele com esse grupo de credores chega a R$ 32 bilhões.

O conselho de administra­ção da Oi criticou os termos propostos pelos bondholder­s e sinalizou que não aceitará planos alternativ­os. Segundo fontes, o plano foi descartado sob o argumento de que não trazia proposta firme e vinculante. Além disso, permitiria aos proponente­s o direito de manter disputas judiciais contra a Oi e/ou contra administra­dores da Oi, mesmo que a companhia aceitasse os termos.

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MARCOS ARCOVERDE/ESTADÃO-10/9/2016 Apoio. Nova versão do plano de recuperaçã­o terá de ser aprovada na assembleia do dia 10

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