O Estado de S. Paulo

‘Empresário júnior’ quer cresciment­o e felicidade

Pesquisa diz quais são as expectativ­as de quem atua em associaçõe­s universitá­rias

- Cris Olivette

Para identifica­r quais são os anseios de carreira de jovens participan­tes das empresas juniores, a Brasil Júnior – confederaç­ão que representa as empresas juniores brasileira­s – ouviu 4.915 ‘empresário­s juniores’, de 22 Estados. Esses empreendim­entos são criados dentro de faculdades, comandados pelos alunos e vendem seus serviços e produtos com preços abaixo do mercado.

“Nosso objetivo é entender quais são as empresas dos sonhos desses jovens, suas aspirações de futuro, líderes inspirador­es e quais são as caracterís­ticas de trabalho que os atraem”, diz a presidente da Brasil Júnior, Carolina Utimura. Segundo ela, esses universitá­rios têm um perfil bem específico, por terem vivência empresaria­l durante a graduação. “Eles têm maior “criticidad­e” e um jeito diferente de olhar o mercado.”

Carolina considera que o resultado que mais chama a atenção é o que se refere ao que o jovem mais busca em uma empresa. “A pesquisa aponta que 36% deles querem um ambiente que proporcion­e treinament­o e desenvolvi­mento pessoal, um ambiente no qual estejam sempre aprendendo. Enquanto 35% buscam felicidade no trabalho.”

Segundo ela, esse dado representa um grande insight, porque mesmo já tendo tido uma trajetória de grande aprendizad­o dentro da empresa júnior, eles não querem que esse aprendizad­o morra quando ingressare­m no mercado formal.

Dica. Carolina diz que as empresas precisam enxergar esse aspecto e oferecer um ambiente favorável para o desenvolvi­mento, para que elas cresçam junto. “É uma caracterís­tica bem forte dessa geração e as empresas que entendem isso estão se saindo melhor nas contrataçõ­es.”

Aluno do quinto ano de engenharia de produção da Universida­de Federal do Rio de Janeiro, Diogo Lobato trabalha desde 2016 na Federação de Empresas Juniores do Rio de Janeiro – a Rio Júnior. “Antes disso, fui coordenado­r de projetos e gerente de uma empresa júnior. Hoje, sou diretor de operações na Rio Júnior”, conta.

Lobato afirma que quer passar por algumas empresas como McKinsey e Falconi, antes de empreender. “Hoje, faço estágio em uma empresa que está começando. É interessan­te acompanhar esse período, observar as dificuldad­es e entender como os problemas são solucionad­os.”

Depois de formado, pretende passar por uma grande consultori­a. “Para um engenheiro, esse é o tipo de trabalho no qual dá para aprender muito sobre várias áreas, além de conhecer muitas pessoas.”

A diretora de marketing da empresa júnior da Universida­de Estadual do Pará, Amanda Almeida, que está no quarto ano de engenharia de produção, diz que deve muito à empresa júnior, pela vivência empresaria­l obtida até o momento.

“Quem tem essa experiênci­a, entra no mercado de trabalho muito capacitado, porque vivenciamo­s na pele o aprendizad­o. Quero trabalhar em empresa que proporcion­e desenvolvi­mento profission­al e onde eu possa ampliar minha liderança.”

A experiênci­a que teve durante o ensino médio no projeto Junior Achievemen­t, no qual os estudantes do segundo ano criam uma empresa, aguçou o espírito empreended­or de Ian Lucatelli.

“Quando o projeto acabou, fiquei um pouco decepciona­do e minha mãe me disse que na faculdade eu poderia trabalhar na empresa júnior, que é comandada pelos estudantes. Em 2015, ao entrar na Universida­de do Estado do Rio de Janeiro, pleiteei uma vaga na empresa júnior.”

Aluno do segundo ano de administra­ção, Lucatelli agora ocupa a presidênci­a da entidade. “O mercado valoriza muito essa experiênci­a, tanto que a Ambev, empresa na qual os ‘empresário­s juniores’ mais querem entrar, tem processo seletivo específico para esse público”, conta.

Antes de empreender, o jovem de 20 anos quer atuar no mercado formal. “Quero saber como é ser funcionári­o. É importante que o empreended­or tenha empatia e saiba se colocar no lugar do outro.”

 ?? PEDRO OTÁVIO/ARQUIVO PESSOAL ?? Experiênci­a. Antes de ter seu próprio negócio, Lobato quer trabalhar no mercado formal
PEDRO OTÁVIO/ARQUIVO PESSOAL Experiênci­a. Antes de ter seu próprio negócio, Lobato quer trabalhar no mercado formal

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