O Estado de S. Paulo

Conversa com o CEO

Executivo fala da importânci­a de se gostar do trabalho e da humildade para a carreira

- / C.M.

“Para mim, toda movimentaç­ão (de carreira) tem de trazer algo novo, que seja um desafio, que você olhe e fale: isso é uma coisa gostosa de se fazer. A primeira coisa que eu falo para o meu time é acorde com vontade de ir para onde você tem de ir, com vontade de fazer o que tem de fazer”, diz o VP Brasil e América Latina da Access, Inon Neves.

Engenheiro eletrônico por formação, Inon Neves conta que nunca exerceu a profissão, embora sempre tenha trabalhado em empresas de tecnologia. Começou, em 1990, pela área de marketing da Unisys e, depois, foi para o setor de pré-vendas com foco em automação de processos, onde havia o segmento de documentos e informação associada. No início do ano 2000, foi para a Xerox ajudar na montagem no Brasil do setor de gestão eletrônica da informação, que posteriorm­ente prestava serviços para vários setores, inclusive financeiro e de telecom. Ficou 11 anos na empresa. Em 2011 foi comandar a multinacio­nal alemã Wincor Nixdorf no Brasil. A empresa já tinha operação local, mas buscava alguém para liderar sua transforma­ção: preparavas­e para sair da atuação exclusiva na venda de hardwares para o mundo da venda de software para caixa eletrônico, caixa da agência bancária, transações de internet via mobile etc. Em 2015, foi para a Access. “É uma empresa americana de gestão da informação, que ainda não tinha presença no Brasil. Seu modelo de expansão é por meio de aquisições. Ela estava no processo de comprar uma empresa brasileira do segmento (a P3 Image), fez essa aquisição em agosto de 2015, e me convidou para tocar essa operação aqui no Brasil.” Fundada em 2003, possui 27,5 mil empresas na sua carteira. No País, são cerca de 400 funcionári­os. A seguir, trechos da entrevista.

• Novidades e vontade

Para mim, toda movimentaç­ão (de carreira) tem de trazer algo novo, que seja um desafio, que você olhe e fale: isso é uma coisa gostosa de se fazer. A primeira coisa que eu falo para o meu time é ‘acorde com vontade de ir para onde você tem de ir, com vontade de fazer o que tem de fazer’. Não é fácil, mas acho gostoso fazer o que eu faço. E eu não gosto de ficar parado fazendo a mesma coisa durante muito tempo.

• Posições diferentes

Passei 11 anos na Xerox, mas acho que não fiquei mais de dois anos em uma mesma posição. Aqui na Access, por exemplo, estou há dois anos. Cheguei em agosto de 2015, com esse desafio, primeiro, de garantir o cresciment­o da empresa aqui no Brasil. A empresa (comprada) tinha uma base sólida, uma carteira de clientes muito boa, então não podíamos perder o que já tínhamos. Tinha de consolidar e manter esse cresciment­o. E neste ano, assumi a operação na América Latina.

• Nova cultura

Ao mesmo tempo, houve uma mudança de cultura com a compra pela Access. A maior parte das pessoas não tinha vivencia de trabalhar para uma empresa americana. Tinha de acalmar e mostrar que não havia segredo. Mas a postura da Access é muito bacana. É uma empresa que valoriza muito o trato com os funcionári­os e a preocupaçã­o de promover ações de voluntaria­do está na cultura da empresa. Então, houve um serviço muito forte, no início, de mostrar essa cultura. E fomos muito bem-sucedidos porque os funcionári­os abraçaram essa ideia. Em 2016, nosso primeiro ano inteiro, fizemos mais de 20 ações comunitári­as, que atingiram 8 mil pessoas.

• O maior desafio

Todos os desafios são bacanas, mas um desafio muito grande foi quando eu mudei para a Wincor. Havia desafios pessoais ligados à família associados ao fato de ir para uma empresa que era conhecida e reconhecid­a como fabricante de hardware e transformá-la numa empresa também de software. Ou seja, mudar o posicionam­ento da empresa. Foi um desafio muito grande, mas no final conseguimo­s fazer isso. Após um ano e meio, já éramos reconhecid­os pelos clientes. Eu classifico como um dos meus maiores desafios.

• Planejamen­to

Acredito muito no planejamen­to de longo prazo. Às vezes, ele tira muito mais o sono, porque nem sempre o resultado do curto prazo é aquele esperado. Mas com a devida paciência, e sabendo administra­r, se chega lá.

• Gente

Para crescer na carreira, na minha opinião, a primeira coisa é saber trabalhar com gente. É saber motivar as pessoas, mostrar para elas por que você faz aquilo, onde você está querendo chegar etc. Um grande pecado que as pessoas às vezes cometem é que mostram a atividade (para o colaborado­r), mostram os objetivos de cada um, mas sem explicar a razão, sem as pessoas entenderem o motivo daquilo tudo. É preciso fazer com que as pessoas entendam e se motivem.

• Humildade

Até hoje, existem pessoas que eu mais escuto do que falo. Há gente que fala demais e escuta de menos. Eu gosto de andar pela empresa e conversar. E todo dia eu aprendo, com motoristas, ajudantes e com pessoas de atividades mais corporativ­as. A ideia é entender o que e como está sendo feito. Isso faz aprendermo­s e melhorar a empresa como um todo. Também aprendo muita coisa com os jovens.

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MARCELO CARREIRA / DIVULGAÇÃO/ACCESS
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MARCELO CARREIRA/DIVULGAÇÃO

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