‘Jovem da nova economia quer ter alinhamento de propósito’
Especialista diz que ciclo dentro das companhias são mais curtos e para reter talentos é preciso entender o novo perfil
• Como é possível acelerar a carreira dos jovens?
Entendemos que os cursos oferecidos pelas faculdades não suprem totalmente as necessidades dos jovens. Nossos cursos abordam a realidade do mercado com o objetivo de ajudá-los a entender como tomar decisões de carreira, desde o aspecto vocacional e de busca de propósito até com a adoção de técnicas de comunicação e construção de marca pessoal.
• Os cursos também abordam a questão do empreendedorismo?
Consideramos que o empreendedorismo é mais um estado de espírito. Para ser empreendedor não é preciso abrir o próprio negócio. Os jovens estão percebendo que podem empreender dentro de uma empresa. E as empresas que já entenderam isso estão sendo cada vez mais bem-sucedidas na retenção de talentos.
• Em que sentido as empresas saem na frente?
Muitas companhias nos procuram pedindo ajuda, porque não estão conseguindo atrair novos talentos. Grandes empresas, algumas mais tradicionais, ainda não entenderam que o jovem da nova economia não está interessado apenas em construir carreira e ganhar dinheiro. Ele tem de ter minimamente um alinhamento de propósito naquilo que está fazendo. Empresas que entendem isso e dão alguma liberdade ao profissional, saem na frente e ganham eficiência na captação e retenção de novos talentos.
• Qual a diferença entre a nova e velha economia?
Passamos por um momento de grande ruptura entre o que chamamos de velha e nova economia. Na velha economia as empresas se preocupam em produzir olhando para dentro. Ela é baseada na lógica da revolução industrial, que pressupõe produção em série, enquanto as empresas empurram os produtos para os consumidores.
• E a lógica da nova economia?
A grande sacada das empresas da nova economia que alcançam crescimento exponencial é que elas orientam a produção e toda a estratégia de negócio ao consumidor. Isso quer dizer que ela precisa aprimorar os produtos a partir das demandas dos consumidores, com inovação continua.
• São essas empresas que mais atraem os jovens?
Sim, pelo estudo da Brasil Junior vemos Google e Ambev se destacando. São empresas de setores completamente distintos. Mas todos sabem que o programa de trainee da Ambev é reconhecido pela formação altamente qualificada de talentos. O desafio deles é de retenção, porque muitos jovens aproveitam essa qualificação como trampolim para o empreendedorismo.
• Porque o setor público deixou de ser atrativo?
Esse é um aspecto interessante. Nas gerações anteriores, as pessoas eram treinadas para entrar em uma boa faculdade e encontrar um bom emprego, no qual deveriam passar a vida inteira. Isso era sinônimo de sucesso para as famílias.
• O que mudou?
Hoje, os ciclos dentro das empresas são mais curtos. Se as outras gerações buscavam segurança primordialmente, essa geração busca muito mais realização. Isso se traduz de várias formas e é natural que o emprego público fique menos atraente. E no cenário atual de crise profunda das instituições, ele fica menos atraente ainda. As demandas mudaram. O jovem não é alguém só movido por dinheiro, ele busca realização profissional e propósito.