O Estado de S. Paulo

Joias de decorar

- M arcelo Lima / REPORTAGEM

Tudo começou quando, em 2011, a advogada gaúcha Graziela Dias resolveu passar uma temporada em Londres. “Fiz vários cursos voltados para mercado de luxo. Também visitei muitos antiquário­s e lojas e, sempre que algo chamava minha atenção continha pedras. Eu perguntava a origem do material, a resposta vinha rápida: é do Brasil”, conta ela, que, de volta ao País e decidida a trabalhar com o material, partiu em uma verdadeira expedição pelo Rio Grande do Sul. “Me apaixonei ainda mais”, conta ela, hoje à frente do estúdio GD, de Porto Alegre, onde desenvolve móveis e luminárias com pedras semiprecio­sas. “Meu critério é bater o olho e amar. É o desenho da natureza que me inspira”, conta ela que apresentou seu trabalho ao Casa.

Com quais pedras você trabalha? Quais as caracterís­ticas e procedênci­a delas?

Posso afirmar que 90% delas são ágatas procedente­s da região de Soledade, no Rio Grande do Sul. A ágata é uma rocha muito atraente e bastante versátil. Ela é formada por várias faixas, de espessuras e coloração diferentes, o que confere um desenho distinto a cada uma delas. Uma mesma pedra pode gerar lâminas com diferentes nuances de cor.

Você diz partir sempre da pedra para criar seus móveis e luminárias. Como isso se dá?

A ágata está na essência de tudo o que crio. É a matéria-prima que escolhi e que me inspira, tanto pelo seu desenho, quanto por sua translucid­ez, brilho, formação cristalina. Meu objetivo é sempre valorizar estes detalhes em cada uma das peças que crio. Seja ela um abajur, uma arandela ou uma mesa.

A que atribui o interesse tão grande despertado por nossas pedras fora do Brasil e por que o mesmo não se verifica entre nós?

Acredito que, antes de mais nada, por se tratar de uma matéria-prima que eles não têm por lá. Visito muitos fornecedor­es que fazem a extração e beneficiam­ento das pedras em nosso País e posso afirmar que 90% da produção é comerciali­zada no exterior. Aqui no sul, por exemplo, as ágatas são super abundantes, não existe esse sentido de exclusivid­ade. Mas, nem por isso, ela não tem valor. Muito ao contrário. Existe um longo caminho a percorrer da pedra bruta à beneficiad­a, e do ponto de vista da cadeia produtiva, trata-se de uma atividade que poderia se revelar bem lucrativa. Eu, por exemplo, entro quase no fim, olhando para elas, me inspirando e criando.

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NATTAN CARVALHO A designer gaúcha, Graziela Dias
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Outra peça da atual coleção, abajur com pedra frontal
 ??  ?? Mesa lateral com tampo de ágata e estrutura de latão polido
Mesa lateral com tampo de ágata e estrutura de latão polido

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