Governador catalão deposto se entrega à polícia belga e é solto
Puigdemont e quatro partidários depuseram por quatro horas e foram liberados; eles não podem deixar a Bélgica
O governador deposto da Catalunha, Carles Puigdemont, e quatro partidários se entregaram ontem à polícia belga e foram liberados depois de quatro horas de depoimentos. A Justiça da Bélgica decidiu deixar em liberdade, com medidas cautelares, o líder separatistas e seus ex-ministros regionais após audiências realizadas na Promotoria de Bruxelas. Os cinco estão proibidos de deixar a Bélgica e terão de comparecer à Justiça quando forem convocados.
Tanto o ex-governador da Catalunha como os ex-ministros Meritxell Serret, Toni Comín, Clara Ponsatí e Lluis Puig prestaram depoimento das 16h (horário local, 13h em Brasília) até as 20h (17h em Brasília), separadamente. Segundo o jornal catalão el Periódico, o depoimento foi dado em flamengo, língua escolhida por eles – o depoimento poderia ser dado em francês ou flamengo, as duas línguas oficias em Bruxelas. Durante o depoimento, Puigdemont e os ex-ministros estavam acompanhados de seus advogados e também de seus intérpretes. Eles deixaram a Promotoria de Bruxelas juntos, num micro-ônibus. Segundo o el Periódico, eles foram liberados porque “não representam perigo e não há risco de fuga”.
Na saída da Promotoria não houve declarações, nem de Puigdemont nem dos seus ex-ministros. Cerca de 50 jornalistas esperavam na porta da Promotoria de Bruxelas a saída da delegação catalã, mas não deram declarações. No mesmo local, 15 pessoas com a bandeira separatista catalã gritaram palavras de ordem em apoio aos cinco políticos catalães.
Espera-se que, nas próximas horas, as autoridades da Justiça belga informem sobre os passos seguintes que pretendem dar em relação aos ex-dirigentes da Generalitat da Catalunha.
Eles haviam se refugiado em Bruxelas após o Parlamento catalão declarar independência e Madri tomar controle administrativo da região. O grupo tinha contra si uma ordem de prisão emitida pela Justiça espanhola e válida na União Europeia.
Puigdemont é acusado de ações que incluem rebelião, sedição, uso indevido de recursos públicos e desobediência. O líder catalão se apresentou à polícia em meio à divulgação de pesquisas que indicam que os partidos pró-independência devem juntos conquistar a maior parte dos assentos nas eleições regionais de dezembro, embora possam obter menos que a maioria necessária para ressuscitar a campanha separatista. Partidos a favor de que a Catalunha continue sendo parte da Espanha devem dividir assentos, reunindo cerca de 54% dos votos, apontaram os levantamentos.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, convocou para 21 de dezembro as eleições depois de dissolver o governo anterior e decretar administração direta sobre a região autônoma, reagindo à declaração unilateral de independência por parlamentares catalães, em 27 de outubro.
Conforme levantamento da consultoria GAD3, realizado entre 30 de outubro e 3 de novembro e publicado no jornal La Vanguardia, os partidos pró-independência ERC, PDECat e CUP conquistariam entre 66 e 69 das 135 cadeiras do Parlamento. A participação dos eleitores aumentaria para um recorde de 83%, mostrou a pesquisa GAD3. A participação no plebiscito de 1.º de outubro foi de apenas 42%.
Grupos cívicos na Catalunha que tiveram os líderes detidos no mês passado, convocaram uma greve geral para quarta-feira e uma manifestação em massa no dia 11 para protestar contra as prisões. Uma protesto em Barcelona ontem atraiu poucas centenas de participantes, bem menos que as milhares de pessoas que se juntaram às marchas de outubro.