‘As fintechs ensinaram o Itaú a produzir melhor’
Dois anos após iniciar uma reviravolta em sua estrutura tecnológica, o Itaú Unibanco ainda vê uma longa jornada pela frente para colocar toda a organização nos trilhos para o consumidor, segundo o diretor de tecnologia do Itaú, Ricardo Guerra. Um dos combustíveis para a instituição correr mais rápido, segundo o executivo, foram as fintechs, startups do mercado financeiro que contribuíram para desafiar o setor financeiro do País. Com as novas concorrentes, Guerra admite que o Itaú descobriu métodos melhores de fazer o que já fazia.
O quanto as fintechs colaboraram para o Itaú acelerar o passo?
Um monte. As fintechs têm muita velocidade, sabem fazer as coisas rápido. Quando as fintechs começaram, não sabíamos direito onde iriam dar e o quão rápido iriam incomodar nosso negócio. Sem dúvida alguma, as fintechs deram uma mega alavancada em nós. Descobrimos métodos melhores de produzir o que já produzíamos.
As fintechs são uma ameaça de resultado para os bancos?
Não e sim. Claro que são! Primeiro, as fintechs concorrem no mercado financeiro. Existem hoje cerca de 400 fintechs no Brasil e elas estão oferecendo produtos interessantíssimos. Elas, no entanto, são “nichadas”. A dificuldade da fintech está em escalar a quantidade de produtos que os bancos têm. A proposta de valor para o consumidor é outra. A fintech pode ter um produto sensacional, muito melhor do que o do Itaú. Existem produtos muito melhores do que os nossos, de verdade. Agora, a integração da oferta financeira é difícil para as fintechs porque elas vão cair nos mesmos problemas que nós: processos, plataforma complexa e metodologia constante, algo que não é simples e já temos. Se partirem para esse caminho, as fintechs vão se aproximar do nosso mundo e nele sabemos brincar bem.
Qual a influência do Cubo na estratégia de tecnologia do Itaú?
Muita. O Cubo (espaço para startups mantido em parceria com a Redpoint Ventures) contribui em várias dimensões. E não apenas na tecnologia. Também contribui na administração dessa empresa que estamos desenhando, que é completamente diferente. Envolve administrar o banco como se fosse uma plataforma tecnológica, uma empresa de tecnologia. O Cubo ajuda demais porque temos de transformar o cara de negócio e fazê-lo entender que ele sempre administrou uma plataforma de tecnologia. No Cubo, temos 54 empresas prontas para ajudar esse profissional. Um dos papéis do Cubo é influenciar a organização. / ALINE BRONZATI