Crise tirou dono dos negócios do lugar comum
Módulos discutiram os desafios e as oportunidades para o período, que estimula o ‘pensar fora da caixa’
Um dos temas mais aguardados da Semana Pró-PME era como sobreviver à crise. O assunto levou ao palco estudiosos e empresários para debaterem e elucidarem questões do público.
Na crise. Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo e inovação do Insper; Samir Iásbeck, fundador do Qranio; e Lucas Foster, fundador do ProjectHub, discutiram o tema. Nakagawa abriu o debate pontuando dois tipos de realidades. “A crise ajuda 1%, 99% é tragado pelo tsunami. É o retrato de quem não se preparou, não sabe ou não gosta de empreender, mas precisa, e vai ter que se virar de alguma forma.”
Foster contou que sentiu os efeitos da recessão em sua empresa, que conecta investidores a empreendedores. “Desde fevereiro, não havia consultas de investidores, mas a base de empreendedores só crescia.” A criatividade foi a saída para manter o modelo. “Decidimos diminuir as pretensões de negócios feitos por meio da plataforma e pensamos em um marketplace. Foi um ajuste baseado na realidade e no capital de giro que tínhamos. Voltamos a faturar e isso mostra como a criatividade não demanda só recursos externos, basta olhar para dentro e reconectar as potencialidades para criar.”
Uma das oportunidades apontadas em momentos de crise é a aproximação com grandes empresas, oferecendo serviços especializados. “Respeite, entenda as regras e tente se adequar. Não queira que um gigante se ajuste a você. Tive de me adaptar ao sistema para construir relacionamento e entrar no setor”, aconselhou Iásbeck. Ele diz que focou no mercado B2B no período de recessão.
Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec; Pedro Chiamulera, fundador da ClearSale; e Gustavo Kok, membro do Conselho de Comércio Eletrônico da Fecomércio, estiveram juntos no módulo sobre Sucesso e Inovação. De acordo com Kok, o diferencial competitivo é a principal saída em momentos de crise. “Hoje, nos Estados Unidos, as buscas por produtos acontecem mais na Amazon do que no Google. Ela conseguiu isso fomentando o marketplace e investindo diferente.”
Para inovar, é preciso mão de obra capacitada, defende Risola. “A cultura do empreendedorismo tem de ter capilaridade para dentro da universidade. Isso não está acontecendo na velocidade necessária. O Brasil está andando a 80 km/h e o mundo a 200”, afirmou. Para Chiamulera, a cultura também estimula a inovação e o crescimento. “Fui aprendendo a lidar com as pessoas e fazê-las se sentirem parte. Nós geramos inovação e as pessoas crescem.”
A cultura (dos negócios) tem de ter capila- ridade na uni- versidade. Estamos a 80 km/h e o mundo está a 200
Sérgio Risola, Cietec