O Estado de S. Paulo

‘Não penso em público-alvo nem em plano de negócios’

Dono do Grupo Vegas conta como criou negócios de sucesso sem práticas que considera ultrapassa­das

- Roberta Cardoso ESPECIAL PARA O ESTADO

Os motivos que levam uma pessoa a empreender são os mais variados possíveis. A existência de oportunida­de ou a necessidad­e de gerar renda, geralmente, são a porta de entrada para esse universo. Porém, existem aqueles que condensam outras expectativ­as ao fundar um negócio. É o caso de Facundo Guerra, do Grupo Vegas.

Conhecido pela sua habilidade em criar negócios de sucesso na noite de São Paulo, o empresário destaca-se também pela sua contribuiç­ão no resgate do que considera uma certa “identidade paulistana”, recuperand­o locais e áreas importante­s do Centro da capital que foram perdendo o brilho ao longo dos anos. “Não é altruísmo vazio e não faço isso porque sou bonzinho. Pode soar meio hippie, mas acho que o empreended­orismo é uma viagem para dentro antes de você ir para fora”, disse durante sua participaç­ão na Semana Pró-PME.

Subversivo. Com uma visão autêntica, autodidata e – podese dizer –, existencia­lista, Facundo consolida suas ideias analisando aspectos que não incluem estudos do público-alvo ou um plano de negócios.

“Toda vez que vou entrar em um projeto, penso no problema que esse projeto está resolvendo, qual é a relação política que eu estou criando com ele – e não é a política tradiciona­l, mas algo na linha de como eu trabalho com os colaborado­res –, e como eu estou criando a relação de valor e preço com meu cliente.”

Se você empreende por dinheiro ou para ser ‘livre’ e ter mais tempo, as chances de você se dar mal são enormes Facundo Guerra, Grupo Vegas

Ao se guiar por esses pontos, o empresário consegue o que considera fundamenta­l para um empreendim­ento ser relevante e, consequent­emente, bem-sucedido: a criação de uma comunidade em que o eixo central é o produto ou serviço que você está lançando. “O produto, que no meu caso é bar, transcende a própria materialid­ade. Ele tem relação com a história, com aquilo que ele representa. Um bom exemplo desse movimento é o café. Hoje, um café não é mais só um café. Vamos criando camadas de significad­os cada vez mais complexas para um produto. E os empreended­ores que eu conheço, e que estão se dando bem, entendem que um café é um pedaço de cultura também.” A postura do empresário em relação aos negócios foi construída com base na experiênci­a que acumulou nos anos em que trabalhou como funcionári­o de grandes empresas. “Temos de redimensio­nar a importânci­a do dinheiro. Ele não é a única maneira de você ser bem sucedido. A sociedade sempre vinculou a felicidade à quantidade de dinheiro que você tem. E dinheiro não pode ser o eixo central de uma vida.”

Manter a coerência das ideias que tem com a gestão dos negócios exigiu do empresário a criação de uma dinâmica própria. No Grupo Vegas, os funcionári­os e colaborado­res não estão categoriza­dos em cargos. O que determina as promoções e os salários são a capacidade de administra­r as responsabi­lidades, assim como a dedicação na execução das tarefas. “Temos cinco faixas salariais apenas. Sendo que eu não posso ter um salário cinco vezes maior que o teto mais baixo.”

Neste mês, o empresário lança o seu primeiro livro, Empreended­orismo para subversivo­s.

“Não é um livro como os tradiciona­is, que às vezes parecem autoajuda. Na verdade, é uma antiajuda. Um pare de empreender sem propósito.”

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JOSÉ PATRÍCIO/ESTADÃO
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Autor:
Facundo Guerra
Editora: Planeta
Preço:
De R$ 35,60 a R$ 41,90
EMPREENDED­ORISMO PARA SUBVERSIVO­S Autor: Facundo Guerra Editora: Planeta Preço: De R$ 35,60 a R$ 41,90

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