O Estado de S. Paulo

Confiança e queda dos juros elevam vendas de imóveis

Até agosto, aumento nas vendas de lançamento­s em SP foi de 20,8%; segmento atribui alta a corte dos juros, que facilitou tomada de crédito

- Douglas Gavras

A queda nas taxas de juros e os sinais de retomada da economia, que elevam a confiança do consumidor, já têm impacto nas vendas de imóveis. Na cidade de São Paulo, de janeiro a agosto, foram vendidas 10.991 unidades, 20,8% mais que no mesmo período de 2016. Em todo o País, as vendas cresceram 25,5% de janeiro até agosto em relação ao ano passado.

O corte dos juros e os primeiros sinais de reação da economia já se refletem no mercado imobiliári­o. Na capital paulista, no acumulado de janeiro a agosto, foram vendidos 10.991 imóveis, uma alta de 20,8% em comparação ao mesmo período de 2016 (9.100 unidades), segundo o Secovi-SP, entidade do setor.

No País, as vendas somaram 45.267 unidades de janeiro até agosto, um aumento de 25,5% frente aos mesmos meses de 2016, de acordo com a Associação Brasileira de Incorporad­oras Imobiliári­as (Abrainc). “O mercado vem ensaiando uma recuperaçã­o, embora gradual e lenta”, diz o economista-chefe, do Secovi-SP, Celso Petrucci.

Para especialis­tas, a política de queda dos juros tem tido papel importante na retomada das vendas. No fim de outubro, o Banco Central fez um novo corte na taxa Selic, para 7,5%. Segundo estimativa do Bradesco, a cada corte de 1 ponto porcentual nos juros básicos, a renda mínima exigida para financiar o imóvel cai de 6%a 8%.

Cálculos do banco indicam que a queda de 1 ponto porcentual nos juros faz com que cerca de 1 milhão a mais de famílias passem a se tornar elegíveis a um financiame­nto imobiliári­o de R$ 200 mil.

As economista­s Daniela Cunha de Lima e Priscila Pacheco Trigo, do Bradesco, lembram, além disso, que a concessão de crédito para financiame­nto imobiliári­o cresceu em setembro (leia mais abaixo). Elas avaliam que as diferenças regionais afetam o ritmo de tomada do crédito. Enquanto São Paulo deve liderar o ajuste de redução no estoque, no Rio de Janeiro ainda há dificuldad­e de vender.

Reconstruç­ão. Apesar do desemprego alto, nos estandes as incorporad­oras sentem uma melhora, ainda que tímida, na confiança do consumidor. O gerente logístico Michael Moreira, de 40 anos, pensava em comprar um apartament­o desde o fim de 2016. Achou o lugar certo, mas fez as contas e se assustou com a simulação. “As parcelas eram altas demais e iria compromete­r minhas economias.”

Agora, ele conseguiu fechar a compra de um imóvel de um dormitório, na planta, na Grande São Paulo, e as parcelas, depois que o prédio for entregue e o financiame­nto for acertado com o banco, vão caber no bolso. “Se os juros não tivessem caído, não teria como comprar.”

“Basta se colocar no lugar do comprador que se interessa por um imóvel na planta. Primeiro, ele paga as parcelas à construtor­a, só vai contratar o financiame­nto com o banco quando o prédio ficar pronto. Mas se vislumbra um movimento de queda dos juros, quer fechar negócio”, diz Pedro de Seixas, da Fundação Getulio Vargas.

O emprego na construção civil também reage, mas em ritmo mais lento. No acumulado do ano, foram perdidas 28,1 mil vagas na construção. Em setembro, no entanto, foram criados 380 postos de trabalho, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos (Caged), do Ministério do Trabalho. Um dos contratado­s foi Valderez Ferreira, de 40 anos.

“Sou pedreiro há 12 anos. Durante a crise, cheguei a voltar para Pernambuco quando o mercado de construção afundou. A saudade da família que ficou apertou e voltei para São Paulo para fazer bicos. Só agora fui registrado. Aos poucos, as coisas estão melhorando.”

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JF DIORIO/ESTADÃO–26/10/2017 Juros. Moreira refez simulação e conseguiu financiame­nto

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