O Estado de S. Paulo

Tasso Jereissati amplia apoio no PSDB

Senador e Perillo se encontram hoje em busca de um acordo para presidênci­a da sigla; grupo de economista­s manifesta adesão a atual interino

- Sonia Racy Pedro Venceslau / COLABORARA­M RENAN TRUFFI e JULIA LINDNER

Faltando pouco mais de um mês para a convenção nacional do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino do partido, recebeu ontem o apoio de economista­s ligados à legenda e do líder do diretório paulista da sigla, Pedro Tobias, para disputar a presidênci­a tucana. A convenção que definirá a nova cúpula partidária será realizada no dia 9 de dezembro.

Os anúncios fortalecem Tasso no momento em que ele e o governador de Goiás, Marconi Perillo, acirram a disputa pelo comando da legenda. Em um “manifesto público”, os economista­s Luiz Roberto Cunha, Persio Arida, Edmar Bacha, Elena Landau e o cientista político Bolívar Lamounier defenderam a posição do senador cearense de entregar os cargos de tucanos no governo federal.

“Mais do que nomes ou correntes partidária­s, o que está em jogo é a postura que se requer do partido diante do governo Temer. O PSDB não deve participar de um governo que não parece ter se comportado de acordo com os preceitos éticos na condução dos assuntos de interesse público. Ninguém melhor do que Tasso Jereissati para liderar esse processo de renovação das ideias de que o País tanto precisa”, diz o texto.

Tasso também tem o apoio majoritári­o do diretório paulista do partido, que levará para a convenção nacional o maior número de delegados. “São Paulo tem mais simpatia pela candidatur­a do Tasso. Nessa crise do PSDB ele é o nome certo, já que está desde o começo atuando para o partido sair do governo”, disse o deputado estadual Pedro Tobias. No próximo domingo, Tobias deve ser reeleito presidente do PSDB paulista.

Encontro. Tasso e Perillo devem se encontrar hoje em Brasília e dar a largada oficial na disputa pela presidênci­a da sigla. Os dois tucanos tinham marcado uma reunirão na sede do partido com os 24 deputados da bancada que votaram pela admissibil­idade da segunda denúncia da Procurador­ia-Geral da República contra o presidente Michel Temer. O encontro, porém, foi adiado e deve ocorrer na semana que vem.

A iniciativa da reunião foi de Perillo. Apesar de ter o apoio da ala “governista” do PSDB, os chamados “cabeças brancas”, ele tenta se aproximar dos “cabeças pretas” e, por isso, passou a defender a entrega pelo partido dos cargos no governo em dezembro. Essa tese ganhou força internamen­te após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avaliar que o PSDB se tornará “coadjuvant­e” se não desembarca­r na convenção, conforme publicado em artigo anteontem no Estado.

Segundo aliados, Tasso deve aproveitar a conversa com Perillo para formalizar a intenção de concorrer à presidênci­a do partido. “Pode ser que desse encontro saia um acordo entre eles. Esse é o nosso empenho”, disse o deputado Ricardo Tripoli (SP), líder do PSDB na Câmara.

Segundo a assessoria de imprensa de Perillo, ele tem, pela manhã, reunião na residência oficial do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB). Depois, reservou o período da tarde para conversar com parlamenta­res.

Na semana passada, Perillo esteve reunido com Tasso e o senador José Serra (SP) para formalizar a sua candidatur­a. Na ocasião, sinalizou apoio ao movimento pró-desembarqu­e. Como informou a Coluna do Estadão, o grupo pró-Tasso vai tentar convencer Perillo a desistir da candidatur­a com o argumento de que ele já tem 24 dos 46 votos da bancada do partido na Câmara.

Já o “time” de Perillo fará o mesmo movimento, mas com a justificat­iva de que Tasso tem de concorrer ao governo do Ceará para garantir palanque à candidatur­a do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao Palácio do Planalto. Se Tasso perder e Alckmin ganhar, ele viraria ministro.

Divisão. Já na primeira convenção para eleger as Executivas estaduais do partido, no domingo passado, em Pernambuco, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, foi reeleito presidente. Com isso, Tasso perdeu um apoio importante. As Executivas estaduais vão eleger a nova Executiva Nacional tucana.

Após a eleição de Araújo, no entanto, o líder dos “cabeças pretas” na Câmara, deputado Daniel Coelho (PE), acusou o ministro de perseguiçã­o por suas posições contra Temer. Araújo se defendeu dizendo que o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), que é do mesmo grupo de Coelho, contrário ao governo Temer, foi eleito secretário-geral do PSDB de Pernambuco.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO Tucanos. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito João Doria participam de cerimônia no Bandeirant­es

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