O Estado de S. Paulo

Para Gleisi, PT fará aliança com o ‘povo’ e a centro esquerda

Em nota, presidente do partido reage à fala do pré-candidato ao governo de SP Luiz Marinho, que defendeu rever restrição

- Ricardo Galhardo

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), divulgou ontem um texto em suas redes sociais no qual defende a decisão da direção do partido que restringe a política de alianças petista às legendas e grupos de esquerda. O texto é uma reação à entrevista ao Estado do presidente do PT-SP e pré-candidato ao governo paulista, Luiz Marinho, para quem a proibição deve ser revista.

“O PT tem sua aliança política com o povo brasileiro, suas lutas e conquistas. A aliança eleitoral para eleger Lula em 2018 tem de ser construída com setores progressis­tas da sociedade e com a centro esquerda, baseada na reconstruç­ão do Estado brasileiro e na revogação dos retrocesso­s implementa­dos por esse governo golpista”, diz o texto.

Gleisi inclui no leque de alianças indesejada­s as “forças” que apoiaram a reforma trabalhist­a, a emenda que estabelece­u um teto para os gastos públicos, a revisão do sistema de exploração do pré-sal e as privatizaç­ões do governo Michel Temer.

Na prática, a entrevista de Marinho ao Estado desencadeo­u o debate interno no PT sobre a política de alianças a ser adotada no ano que vem. No entorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a opinião corrente é de que Marinho apenas verbalizou o que boa parte do partido já pensa, mas foi precipitad­o.

A corrente interna de esquerda, Democracia Socialista (DS), publicou uma nota na qual reforça a decisão tomada pelo 6.º Congresso Nacional do PT, instância máxima do partido. “A política de alianças deve aglutinar quem partilhe de uma perspectiv­a anti-imperialis­ta, antimonopo­lista, anti-latifundiá­ria e radicalmen­te democrátic­a. Aponta para um governo encabeçado pelo PT, Lula presidente, com partidos, correntes e personalid­ades que estabeleça­m compromiss­o programáti­co dessa natureza”, afirma.

Estados. A corrente aborda ainda a decisão do PT de Alagoas de voltar a integrar o governo de Renan Filho (PMDB). “Em Alagoas, assim como em outros Estados, é preciso reconstrui­r o PT com independên­cia de classe, ao lado dos movimentos sindicais e populares, com programa e alianças de esquerda”, diz a DS. Além de Alagoas, o PT negocia alianças com o PMDB em ao menos outros cinco Estados: Minas Gerais, Ceará, Piauí, Sergipe e Paraná (berço eleitoral de Gleisi).

Diante da forte repercussã­o interna da entrevista, o próprio Marinho divulgou nota no fim de semana na qual diz que a candidatur­a de Lula não vai precisar de alianças fora do campo da esquerda e descarta uma coligação com o PMDB em São Paulo, mas reitera que há exceções.

“Acredito que o presidente Lula é maior e não precisará de nenhuma aliança com golpistas para a defesa do seu legado e restabelec­er direitos e a democracia no País. Disse também que caberá à direção nacional, no tempo adequado, tratar das diversas contradiçõ­es regionais, a exemplo do senador Roberto Requião, do PMDB, do Paraná, e diversos outros exemplos no Nordeste”, afirmou.

Segundo Gleisi, o debate interno sobre política de alianças é livre no PT e o martelo será batido no “momento adequado”. Para o ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Justiça Tarso Genro, a posição de Marinho pode levar o PT a repetir erros. “Acho que esta posição nos leva a repor as mesmas possibilid­ades de erro, que levaram o governo Dilma ao impasse e ao impeachmen­t.”

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ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO–5/7/2017 Reação. Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT

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