Para Gleisi, PT fará aliança com o ‘povo’ e a centro esquerda
Em nota, presidente do partido reage à fala do pré-candidato ao governo de SP Luiz Marinho, que defendeu rever restrição
A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), divulgou ontem um texto em suas redes sociais no qual defende a decisão da direção do partido que restringe a política de alianças petista às legendas e grupos de esquerda. O texto é uma reação à entrevista ao Estado do presidente do PT-SP e pré-candidato ao governo paulista, Luiz Marinho, para quem a proibição deve ser revista.
“O PT tem sua aliança política com o povo brasileiro, suas lutas e conquistas. A aliança eleitoral para eleger Lula em 2018 tem de ser construída com setores progressistas da sociedade e com a centro esquerda, baseada na reconstrução do Estado brasileiro e na revogação dos retrocessos implementados por esse governo golpista”, diz o texto.
Gleisi inclui no leque de alianças indesejadas as “forças” que apoiaram a reforma trabalhista, a emenda que estabeleceu um teto para os gastos públicos, a revisão do sistema de exploração do pré-sal e as privatizações do governo Michel Temer.
Na prática, a entrevista de Marinho ao Estado desencadeou o debate interno no PT sobre a política de alianças a ser adotada no ano que vem. No entorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a opinião corrente é de que Marinho apenas verbalizou o que boa parte do partido já pensa, mas foi precipitado.
A corrente interna de esquerda, Democracia Socialista (DS), publicou uma nota na qual reforça a decisão tomada pelo 6.º Congresso Nacional do PT, instância máxima do partido. “A política de alianças deve aglutinar quem partilhe de uma perspectiva anti-imperialista, antimonopolista, anti-latifundiária e radicalmente democrática. Aponta para um governo encabeçado pelo PT, Lula presidente, com partidos, correntes e personalidades que estabeleçam compromisso programático dessa natureza”, afirma.
Estados. A corrente aborda ainda a decisão do PT de Alagoas de voltar a integrar o governo de Renan Filho (PMDB). “Em Alagoas, assim como em outros Estados, é preciso reconstruir o PT com independência de classe, ao lado dos movimentos sindicais e populares, com programa e alianças de esquerda”, diz a DS. Além de Alagoas, o PT negocia alianças com o PMDB em ao menos outros cinco Estados: Minas Gerais, Ceará, Piauí, Sergipe e Paraná (berço eleitoral de Gleisi).
Diante da forte repercussão interna da entrevista, o próprio Marinho divulgou nota no fim de semana na qual diz que a candidatura de Lula não vai precisar de alianças fora do campo da esquerda e descarta uma coligação com o PMDB em São Paulo, mas reitera que há exceções.
“Acredito que o presidente Lula é maior e não precisará de nenhuma aliança com golpistas para a defesa do seu legado e restabelecer direitos e a democracia no País. Disse também que caberá à direção nacional, no tempo adequado, tratar das diversas contradições regionais, a exemplo do senador Roberto Requião, do PMDB, do Paraná, e diversos outros exemplos no Nordeste”, afirmou.
Segundo Gleisi, o debate interno sobre política de alianças é livre no PT e o martelo será batido no “momento adequado”. Para o ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro da Justiça Tarso Genro, a posição de Marinho pode levar o PT a repetir erros. “Acho que esta posição nos leva a repor as mesmas possibilidades de erro, que levaram o governo Dilma ao impasse e ao impeachment.”