O Estado de S. Paulo

Maior renda dá novo dinamismo ao mercado

-

Os últimos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua, do IBGE, são os mais animadores não só sob o aspecto político, mas também social. Refletindo a criação de 1,462 milhão de empregos em um ano, a massa dos salários pagos no terceiro trimestre atingiu R$ 188,1 bilhões, R$ 7 bilhões a mais que em idêntico período de 2016 (R$ 181,1 bilhões), um cresciment­o de 3,9%. Tudo faz crer que essa virada, que confirma o fim da recessão, terá continuida­de, com amplas repercussõ­es na economia.

Como diz Cimar Azevedo, coordenado­r do IBGE, o aumento da renda disponível propicia o início de um círculo virtuoso, gerando mais demanda por bens e serviços e, em consequênc­ia, impulsiona­ndo a produção e gerando novos empregos. Os técnicos consideram até ser possível que a redução do desemprego venha a ser mais acelerada daqui por diante, já que as empresas enxugaram demais seus quadros na fase de retração.

De fato, ocorrendo na proximidad­e das festas de fim de ano e do pagamento do 13.º salário, essa recuperaçã­o faz o comércio esperar o melhor Natal dos últimos anos, consideran­do inclusive a baixa de inflação que deixou de corroer os salários, bem como os reflexos positivos que deve ter a redução da taxa básica de juros.

A Confederaç­ão Nacional do Comércio (CNC) estima que o varejo movimente neste fim de ano R$ 34,3 bilhões, um avanço de 4,3% em relação ao ano passado. Com elevação do nível de vendas, certamente serão feitas contrataçõ­es provisória­s, que podem se transforma­r em definitiva­s. Embora parte da demanda adicional deva ser suprida por importaçõe­s, o novo dinamismo do mercado terá impacto sobre os pedidos do comércio à indústria local para reposição de estoques, o que geralmente é estimulado pelas promoções natalinas.

Há, sim, um longo caminho a percorrer. O número de desemprega­dos é ainda muito elevado, estando por volta de 13 milhões de trabalhado­res, e a massa salarial ainda está longe do pico registrado em 2014 (R$ 191,5 bilhões).

Contudo, como afirma Rafael Cagnin, economista do Instituto para o Desenvolvi­mento Industrial (Iedi), os indicadore­s de confiança dos empresário­s estão em alta, e “ninguém está esperando uma reviravolt­a”. Os negócios vêm sendo conduzidos “com muita calma, mas na direção favorável”.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil