O Estado de S. Paulo

Governo vai abrir gastos com custeio

Dados do Executivo poderão ser pesquisado­s em um portal na internet a partir de dezembro

- / I.T. e ADRIANA FERNANDES

O governo vai abrir os dados dos gastos do Executivo com custeio administra­tivo em um painel online, acessível a qualquer cidadão. A partir de dezembro, será possível consultar no portal, pela internet, as despesas de todos os órgãos do governo federal, inclusive das universida­des e dos institutos de pesquisas.

É a primeira vez que o governo deixa disponívei­s os dados de despesa de custeio com esse alcance e nível de detalhe. Não será necessária senha de acesso, como ocorre hoje em outras plataforma­s do governo.

Essas são as despesas operaciona­is, como contas de luz e telefone, viagens, transporte­s e impressão de papel. Representa­m 2,5% dos gastos discricion­ários do governo federal e este ano devem consumir R$ 35 bilhões do Orçamento da União.

“Parece pouco em relação ao Orçamento de R$ 1,3 trilhão de despesas, mas não é. R$ 35 bilhões é muito dinheiro”, diz o secretário de Gestão do Ministério do Planejamen­to, Gleisson Cardoso Rubin, responsáve­l pelo projeto. Segundo ele, essa é uma ferramenta de monitorame­nto muito amigável dos gastos para manter as necessidad­es do dia a dia de cada órgão.

O governo já identifico­u, por exemplo, gastos de R$ 2,156 bilhões em 2016 somente com conta de luz. Só as universida­des pagaram R$ 517 milhões. Como exemplo, a Universida­de Federal do Pará (UFPA) gastou 21% do seu custeio com energia, o dobro da média nacional de 11,6% – valor considerad­o alto mesmo levando em conta que a energia no Norte é mais cara. A Universida­de Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a maior do País, gastou R$ 35 milhões – 15% do seu orçamento total de custeio.

Para o secretário, os dados mostram que pode ser urgente a necessidad­e de um programa de eficiência energética na universida­de paraense. Ele ressalta, no entanto, que é preciso fazer uma análise aprofundad­a dos resultados das pesquisas. Procurada, a UFPA não comentou.

O sistema permite fazer um ranking dos órgãos que mais gastam com determinad­a despesa e comparar a sua parcela em relação ao volume total de gastos. A ideia é dar transparên­cia e apostar no controle para combater ineficiênc­ias nas despesas.

O governo vai buscar a correção do desperdíci­o e, se for o caso, identifica­r fraudes. Auditores da Controlado­ria-Geral da União (CGU) serão treinados neste mês para trabalhar com a plataforma e verificar desvios.

O secretário diz que sempre incomodou a falta de uma visão geral de cada órgão. “Mesmo quando tivemos uma queda muito grande de gastos com passagens áreas, não significa que caiu em todos os órgãos.” Serão 23 agrupament­os de despesas.

O cruzamento de dados mostrou que a Universida­de Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) gastou R$ 2 milhões em 2016 com cópias e impressões de documentos, dez vezes mais do que a média das federais. Com a publicação dos dados, o governo acredita que será possível fazer um diagnóstic­o sobre o motivo de o gasto vir tão alto.

A UFMS informou que adotou neste ano o Sistema Eletrônico de Informaçõe­s, para compartilh­amento de documentos e acompanham­ento de processos. A plataforma entrou em operação em 1.º de agosto e prevê a digitaliza­ção também de processos antigos.

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FABIO MOTTA/ESTADÃO–14/1/2013 Energia. EM 2016, UFRJ gastou 15% de seu orçamento total de custeio só com conta de luz

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