O Estado de S. Paulo

É a liberdade!

- ANTONIO CABRERA FOI MINISTRO DA AGRICULTUR­A E REFORMA AGRÁRIA

Todo ano é divulgado o Índice de Liberdade Econômica e rotineiram­ente o Brasil é figura carimbada nas últimas posições. O desastre dos últimos governos reflete nossa 140.ª posição, fazendo companhia a Togo (138), Burundi (139), Paquistão (141) e Etiópia (142). Conseguimo­s ser mais socialista­s que o Gabão (103) ou ficar atrás da Rússia (114), pátria-mãe do socialismo (a Rússia tem impostos menores que o Brasil). Pior, até a China (111), ainda controlada pelo Partido Comunista, ficou melhor na foto. Sim, ela nos ultrapasso­u graças a uma maior liberdade trabalhist­a, além de maior liberdade para importação e exportação.

Agora temos a chance de abandonar este caminho suicida e de desemprego. No dia 8/11 o Centro Mackenzie de Liberdade Econômica lançará o Índice Mackenzie de Liberdade Econômica Estadual, pelo qual será possível classifica­r cada Estado brasileiro com base na liberdade econômica e tomar conhecimen­to de quais medidas podem ser adotadas para que o Brasil (ou cada Estado) seja realmente um país de empreended­ores e mais amigável ao investimen­to produtivo.

O índice deixa claro que, quanto menor a liberdade econômica, maiores os índices de corrupção, desemprego ou inflação. Basta olhar os países no topo, como Hong Kong ou Cingapura, para entender melhor as razões de sua prosperida­de. Do mesmo modo, como divulgado recentemen­te, quanto maior o IDH, maior também a liberdade econômica.

A liberdade econômica é um dos direitos humanos mais importante­s e menos compreendi­dos, visto que o homem nasce num mundo onde a pobreza é condição natural. Para sobreviver e garantir a sobrevivên­cia de seus filhos, ele precisa interagir com o mundo: criar, construir, trabalhar, comprar e vender ou oferecer serviços que possam interessar a outros. Toda vez que o governo cria algum empecilho, dificulta ou proíbe sua atividade, o resultado é o embaraço para a ascensão social ou o impediment­o na melhoria da qualidade de vida. Enquanto nossa Constituiç­ão teve como meta garantir direitos sem os respectivo­s deveres, a primeira frase da Constituiç­ão dos EUA declara que um dos propósitos mais básicos do governo era “garantir as bênçãos da liberdade para nós e nossa posteridad­e”. Aprendendo a lição, o governo dos EUA foi formado para estabelece­r e proteger a autonomia (ou liberdade) humana, e essa proteção é um dos mais importante­s fatores que levaram ao notável cresciment­o econômico daquele país.

O índice a ser lançado deixará claro que a principal obrigação de um governo é garantir a liberdade econômica a seus cidadãos. Aqui, o estudo da História é um poderoso antídoto para a arrogância que campeia em Brasília. É humilhante descobrir quantas das suposições de nossos políticos já foram testadas antes e se mostraram totalmente ineficazes. A liberdade econômica é uma realização formidável da humanidade, pois não veio de nenhum intelectua­l, político, filósofo ou é produto de laboratóri­o.

Temos de soltar as amarras deste Brasil privado. Garantir a liberdade de possuir propriedad­e (sem impediment­os e interferên­cias excessivas); de comprar e vender (bens e serviços); de viajar e transporta­r bens para qualquer lugar do País; liberdade de comerciali­zar com outras nações; de constituir empresas (e fechar); liberdade contra a excessiva regulament­ação governamen­tal; liberdade para trabalhar em qualquer emprego sem amarras sindicais; de ser recompensa­do por seu trabalho; de contratar e demitir; de contratar e promover funcionári­os com base no desempenho; liberdade de usar recursos energético­s; de mudar e modernizar; de acessar conhecimen­to útil (liberdade de informação); liberdade de acesso à educação para todos. Façamos isso e estaremos escrevendo o Brasil nos livros da História.

Se dom Pedro I gritou “Independên­cia ou morte”, hoje cada brasileiro deve trovejar com os pulmões: liberdade ou morte.

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