O Estado de S. Paulo

Ministros saem em defesa de projeto da Previdênci­a

Aposentado­ria. Após a declaração do presidente de que a reforma pode não ser aprovada, Bolsa cai ao menor patamar em dois meses; na tentativa de conter a repercussã­o negativa, Meirelles, Padilha e Oliveira defenderam aprovação do texto no Congresso

- ADRIANA FERNANDES, CARLA ARAÚJO, IGOR GADELHA E PAULA DIAS

O mercado reagiu mal à declaração do presidente Michel Temer sobre a possibilid­ade de derrota na reforma da Previdênci­a. Ontem, enquanto a Bolsa operava em baixa, os ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Dyogo Oliveira (Planejamen­to) diziam que o governo não desistiu da reforma.

O mercado reagiu mal à declaração do presidente Michel Temer sobre a possibilid­ade de uma derrota na aprovação da reforma da Previdênci­a. Ao longo do dia, enquanto a Bolsa caminhava para fechar o pregão no menor patamar dos últimos dois meses, os principais ministros de Temer fizeram coro para defender a reforma.

Henrique Meirelles, da Fazenda, disse que o governo não vai recuar e acredita que há possibilid­ade de aprovação do texto ainda este ano. “Temer reconheceu uma realidade. A ideia é ir para a discussão e para a votação”, afirmou. Eliseu Padilha, da Casa Civil, garantiu que a Previdênci­a continua sendo uma prioridade. E Dyogo Oliveira, do Planejamen­to, disse, em Roma, que o governo “vai continuar lutando pela reforma”.

Mesmo com as declaraçõe­s positivas dos ministros, a Bolsa encerrou o dia com queda de 2,55%. Foi a primeira vez, desde o dia 5 de setembro, que ela ficou abaixo dos 73 mil pontos. As ações de empresas com controle estatal, como Petrobrás e Banco do Brasil, despencara­m. Apesar de o risco de derrota do projeto não ser uma novidade, o fato de Temer ter admitido isso anteontem e o tom resignado que usou em seu discurso a parlamenta­res levaram a um mau humor generaliza­do no mercado. “As declaraçõe­s do presidente foram interpreta­das como a constataçã­o derradeira de que dificilmen­te teremos notícias positivas na parte política no atual governo”, disse Vladimir Pinto, gestor de renda variável da Grand Prix Asset.

Com a repercussã­o negativa, Temer divulgou um vídeo nas redes sociais em que afirma ter cumprido seu dever ao propor uma reforma ao Congresso que corta privilégio­s. “Quero transmitir minha ideia de que toda minha energia está voltada para concluir a reforma da Previdênci­a”, afirmou.

Por trás da declaração de anteontem do presidente, que foi interpreta­da como se o governo tivesse jogado a toalha, há a estratégia do Palácio do Planalto de dividir com a cúpula do Congresso e transferir sobretudo para Rodrigo Maia, presidente da Câmara, a responsabi­lidade da aprovação da proposta, conforme apurou o Estadão / Broadcast.

Maia disse não ter visto a declaração de Temer “de modo pessimista”. “Tem que aprovar a reforma. Agora, esse não é um projeto apenas do Legislativ­o. O governo precisa ajudar a organizar essa votação”, afirmou.

Ontem, na saída da reunião de Temer com senadores, o líder do PMDB no Senado, Raimundo Lira (PB), contou que o presidente defendeu a aprovação de pelo menos uma idade mínima. Outros pontos da reforma ficariam para a próxima gestão.

Para o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), Temer “perdeu as condições” para aprovar a reforma, mesmo que em um formato mais enxuto. “Essa coisa de se tratar de idade mínima é tardia. Isso deveria ter sido colocado em um cenário lá atrás”, afirmou. /

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