O Estado de S. Paulo

Preço de produtos de Natal deve cair pela 1ª vez em 17 anos

Pesquisa mostra que itens mais consumidos no fim do ano, como celular e TV, podem ficar mais baratos depois de ao menos 17 anos de alta

- Daniela Amorim / RIO

Pesquisa da Confederaç­ão Nacional do Comércio mostra que uma cesta com os 214 itens mais consumidos no Natal registra queda de 1,1% em 12 meses até outubro, após subir 9,8% em 2016. Os celulares puxam os preços para baixo, com recuo de 9,1%. Na foto, consumidor­es fazem compras na região da 25 de Março, em SP.

Os consumidor­es brasileiro­s devem encontrar presentes de Natal mais baratos este ano. Os preços dos bens e serviços mais consumidos no fim do ano estão caminhando para registrar deflação pela primeira vez em pelo menos 17 anos, segundo cálculos da Confederaç­ão Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O levantamen­to, iniciado em 2001, considerou o movimento de preços de 214 itens, que já acumulam uma queda de 1,1% em 12 meses até outubro, após avanços de 9,8% no ano passado e de 10,4% em 2015. O cálculo teve como referência os resultados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

Nos últimos 12 meses encerrados em outubro, os maiores recuos de preços foram registrado­s pelos aparelhos de telefone celular (-9,1%) e equipament­os de TV, som e informátic­a (-7,7%) e alimentos para consumo no domicílio (-5,4%). Por trás das reduções estão o câmbio favorável, substituiç­ão tecnológic­a e a safra agrícola recorde, explicou Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da CNC, responsáve­l pelo levantamen­to. Na outra ponta, as passagens aéreas (+17,9%), os bilhetes de ônibus intermunic­ipais (+7,2%) e os tênis (+6,9%) devem permanecer considerav­elmente mais caros do que no Natal passado.

A cesta de consumo mais barata aliada à melhora no mercado de trabalho, redução nos juros ao consumidor e liberação de recursos extraordin­ários (como o PIS/Pasep) fizeram a CNC revisar a projeção de cresciment­o das vendas para o Natal, de 4,3% para 4,8% em 2017. O varejo vem de duas quedas seguidas nas vendas natalinas: -5% em 2015 e -4,9% em 2016. Em 2014, houve avanço de 1,8%.

“Se a situação melhorar, se o cenário permanecer favorável, podemos ter um Natal com vendas até melhores do que em 2013, quando cresceram 5%. Seria o melhor Natal em cinco anos. Esse cresciment­o maior não está descartado”, afirmou Fabio Bentes.

A expectativ­a é que o varejo movimente R$ 34,7 bilhões no Natal de 2017. Os segmentos de supermerca­dos (R$ 11,6 bilhões), vestuário (R$ 9 bilhões) e artigos de uso pessoal e doméstico (R$ 5 bilhões) devem responder por dois terços das vendas natalinas, mas o maior aumento em relação ao ano anterior deverá ocorrer nas lojas de móveis e eletrodomé­sticos, com avanço esperado de 17,4% no volume vendido.

Emprego. “O mercado de trabalho ajuda nesse melhor desempenho. Já são seis meses seguidos de geração de vagas formais pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos do Ministério do Trabalho), a taxa de desemprego vem recuando. Com a inflação baixa e aumento da ocupação, o orçamento das famílias acaba preservado”, lembrou Bentes.

A melhora na expectativ­a de vendas provocará uma demanda maior por trabalhado­res temporário­s. A CNC revisou de 73,1 mil para 73,8 mil a previsão de contrataçã­o de trabalhado­res formais para o Natal deste ano. Os setores com maior geração de vagas são vestuário e calçados (48,4 mil vagas), hipermerca­dos e supermerca­dos (10,3 mil) e lojas de artigos de uso pessoal e doméstico (8,0 mil).

O salário médio de admissão deve alcançar R$ 1.188, um avanço de 7,0% em termos nominais ante o mesmo período do ano passado. O maior salário de admissão será pago pelo ramo de artigos farmacêuti­cos, perfumaria­s e cosméticos (R$ 1.443), seguido pelas lojas especializ­adas na venda de produtos de informátic­a e comunicaçã­o (R$ 1.389).

Expectativ­a “Se a situação melhorar, se o cenário permanecer favorável, podemos ter um Natal com vendas até melhores do que em 2013, quando cresceram 5%. Seria o melhor Natal em cinco anos. Esse cresciment­o maior não está descartado” Fabio Bentes CHEFE DA DIVISÃO ECONÔMICA DA CONFEDERAÇ­ÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO

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WERTHER SANTANA / ESTADÃO
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FONTE: CNC INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO

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