O Estado de S. Paulo

Parlamenta­res esvaziam MP

Medida Provisória que cria jornada reduzida e licença não remunerada foi alterada, reduzindo economia prevista pelo governo federal

- Idiana Tomazelli / BRASÍLIA

Medida Provisória que cria jornada reduzida e licença não remunerada para o funcionali­smo foi alterada por comissão do Congresso, reduzindo economia prevista pelo governo.

A comissão mista que analisa a Medida Provisória (MP) que instituiu o Programa de Desligamen­to Voluntário (PDV) do governo federal, adoção de jornada reduzida e licença não remunerada aprovou ontem uma versão desidratad­a da proposta enviada pela equipe econômica.

Os parlamenta­res retiraram dois artigos que permitiam a servidores que aderissem à jornada reduzida ou licença sem remuneraçã­o o exercício de outra atividade. A eliminação do incentivo dificulta a adesão nestes casos. O texto agora segue para o plenário da Câmara e tem até 28 de novembro para ser votado antes de perder validade.

O relatório foi votado rapidament­e em sessão na comissão mista, presidida pelo deputado Leonardo Quintão (PMDBMG), que ficou conhecido como um dos integrante­s da “bancada do Refis”.

Esse grupo de parlamenta­res pressionou o governo a conceder descontos maiores para devedores no programa de parcelamen­to de débitos com a Receita Federal.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, Quintão negociou a mudança no texto do PDV com a Secretaria de Governo, comandada pelo ministro Antonio Imbassahy, do PSDB – partido em que parte dos integrante­s quer o desembarqu­e do governo Michel Temer.

A retirada dos artigos não teve o aval do Ministério do Planejamen­to, que esteve à frente da formulação da proposta.

Os pedidos de mudanças no relatório do senador João Alberto Souza (PMDB-MA) feitos pela equipe econômica tampouco foram apresentad­os na sessão.

O artigo 12, um dos retirados, prevê que o servidor pode exercer outra atividade, pública ou privada, durante o período em que estiver em jornada reduzida, desde que não configure conflito de interesses. Isso inclui administra­r empresas ou participar de conselhos fiscal ou de administra­ção de companhias.

O artigo 14, outro que foi suprimido, estende esses benefícios a quem aderir à licença não remunerada (afastament­o por três anos, prorrogáve­is por mais três).

No caso da jornada reduzida, é preciso que as demais atividades sejam compatívei­s com o horário da função pública.

Economia. O governo espera economizar R$ 1 bilhão com a MP do PDV, que inclui ainda a demissão voluntária de servidores que quiserem deixar o funcionali­smo público. Como a área econômica considera que “a medida morre” sem esses incentivos, a economia esperada pode ficar em risco.

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO-12/1/2016 Agilidade. Votação foi na comissão presidida pelo deputado Leonardo Quintão (PMDB- MG)

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