O Estado de S. Paulo

Na luta pela presidênci­a do PSDB, Alckmin silencia à espera de que contendore­s se inviabiliz­em.

Depois de se reunir com o governador de Goiás, Marconi Perillo, senador confirma a aliados que vai concorrer à presidênci­a do partido

- Julia Lindner Renan Truffi / BRASÍLIA

O senador Tasso Jereissati (CE) vai lançar oficialmen­te a sua candidatur­a à presidênci­a do PSDB em evento marcada para hoje, às 11 horas, no Senado. O evento foi anunciado pelo líder da legenda na Câmara, Ricardo Tripoli (SP). Ontem, Jereissati admitiu a senadores tucanos que vai disputar a vaga do senador Aécio Neves (MG) com o governador Marconi Perillo (GO).

Com o partido dividido, os tucanos tentam convencer um dos dois a desistir da candidatur­a. Em conversas reservadas, Perillo sugeriu a Tasso que ele deveria disputar o governo do Estado e desistir da eleição para a presidênci­a da sigla. O senador cearense, que preside internamen­te o PSDB, por outro lado, usa o argumento de que possui a maioria dos parlamenta­res tucanos ao seu lado.

“Falei com Tasso sobre a importânci­a de construirm­os convergênc­ias antes da convenção. Temos pensamento­s muito próximos, ele mais contundent­e em alguns pontos, eu, em outros”, declarou Perillo à imprensa depois da reunião. O governador disse que, daqui para frente, fará um “exercício de busca de caminhos para convergênc­ia”.

Um dos pontos de divergênci­a entre os dois lados é a permanênci­a ou não do PSDB na base do governo do presidente Michel Temer. “Esse é um tema que precisa ser resolvido, precisa apenas estabelece­r critérios e datas”, afirmou Perillo.

Outro ponto de discordânc­ia é sobre qual discurso deve ser adotado pelo partido. O grupo de Tasso defende que o PSDB precisa fazer uma autocrític­a, o que gera reações negativas dentro de algumas alas do partido. A posição senador é a mesma do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que recentemen­te cobrou uma mudança de postura do partido.

Ontem, Perillo avaliou que é “honesto” o partido dizer que errou “aqui ou acolá”, mas ponderou que prefere falar dos acertos. Para Tasso, o maior foco de divergênci­a é na “ênfase” de cada grupo sobre alguns pontos. “Marconi é mais hábil do que eu. Sou mais enfático e acho que a gente tem que deixar determinad­as posições muito bem marcadas diante da oposição pública.”

O senador cearense também defende que haja uma candidatur­a única até a convenção do partido, em dezembro. “Espero que a gente não tenha nenhuma briga de arranhão, puxar cabelo, nada disso”, brincou. Tasso destacou que ele tem compromiss­o com uma parcela da legenda que “defende alguns pontos de vista que não são os mesmos defendidos por outras parcelas”.

Previdênci­a. O presidente licenciado do PSDB, Aécio Neves, defendeu ontem durante a reunião da bancada a permanênci­a na base aliada do governo para ajudar a aprovar a reforma da Previdênci­a. Logo depois, Tasso voltou a dizer que Temer perdeu as condições de aprovar a reforma. O presidente interino do PSDB disse que se o peemedebis­ta tivesse saído na primeira denúncia da Procurador­ia-Geral da República, há seis meses, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) poderia ter mais chances de aprovar as reformas. “Um governo que está, de alguma maneira, politicame­nte enfraqueci­do, com um desgaste gigantesco não tem condições de levar adiante reformas realmente profundas que o País precisa”, disse Tasso.

 ?? ANTÔNIO ARAÚJO/AGÊNCIA TEMPO ?? Encontro. Tasso e Perillo posam para fotos após reunião privada no Senado, ontem, em que discutiu a sucessão do PSDB
ANTÔNIO ARAÚJO/AGÊNCIA TEMPO Encontro. Tasso e Perillo posam para fotos após reunião privada no Senado, ontem, em que discutiu a sucessão do PSDB

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