O Estado de S. Paulo

Nº 2 de secretaria defende fatiar e atrasar respostas

- / L.F.T

O áudio obtido pelo Estado mostra que, para dificultar o acesso a dados públicos, a Prefeitura diz não ser possível reunir informaçõe­s de vários órgãos regionais em uma única resposta. Em março, a própria gestão havia encaminhad­o ao Estado informaçõe­s semelhante­s, de modo centraliza­do. Chefe de gabinete da Comunicaçã­o, Lucas Tavares também sugere que um repórter busque pessoalmen­te dados que deveriam estar na internet.

Na reunião, é analisado pedido da produtora Roberta Giacomoni, da TV Globo, que havia solicitado à Secretaria Municipal das Prefeitura­s Regionais (SMPR) dados sobre tapa-buraco de cada regional. Isso chegou à comissão porque a pasta indicou que ela deveria pedir o dado a cada regional, pelo fato delas terem independên­cia administra­tiva. “Roberta Giacomoni, que é uma das produtoras mais chatas que existem no planeta Terra. Ela que peça para cada uma das 32 regionais”, diz Tavares.

Um servidor conta a Tavares que Roberta já pediu o dado a cada regional, mas que as respostas foram enviadas sem padrão. O servidor lembra que, até 2016, a Secretaria das Prefeitura­s Regionais concentrav­a informaçõe­s em uma só resposta. Tavares faz a ressalva de que “o melhor dos mundos” seria ela ter a informação e os dados online, mas sugere indeferime­nto.

A indicação de fazer o pedido a cada regional também tem sido feita a repórteres do Estado,

com ao menos quatro casos no segundo semestre deste ano.

Outro recurso analisado é de William Cardoso, do jornal Agora São Paulo. O repórter pede que um arquivo seja compartilh­ado pela internet, e não pessoalmen­te, como sugere a Prefeitura. Os técnicos dizem que o compartilh­amento online é o correto, mas Tavares intervém.

“Ele (o órgão municipal) está cumprindo a lei oferecendo (os arquivos) no local?” Um técnico diz que sim. “Então deixa dar. Agora vou ser um pouco político. Vou ser mauzinho, não bonzinho. Ele que vá lá pegar.” Um servidor diz ser “informação de direito público” e, por isso, a medida não era indicada para o caso. Uma participan­te afirma: “Tem de reforçar que está à disposição lá e tem limitações técnicas. Quando for possível, vai ser disponibil­izado online”. E Tavares completa: “Aí demora dois meses para disponibil­izar. Ele desiste da matéria”.

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