O Estado de S. Paulo

Mudanças no setor elétrico serão enviadas ao Congresso

Projetos de lei e MP definem regras da privatizaç­ão da Eletrobrás, marco regulatóri­o e compensaçã­o a geradoras

- Anne Warth Igor Gadelha / BRASÍLIA

O governo vai enviar ao Congresso uma medida provisória (MP) e dois projetos de lei com mudanças no setor elétrico. A meta, segundo o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, é concluí-los em dez dias. Os projetos de lei, que vão tramitar em regime de urgência, vão definir regras para a privatizaç­ão da Eletrobrás e o novo marco regulatóri­o do setor elétrico. A MP trará os termos de um acordo para acabar com a disputa bilionária em torno do risco hidrológic­o (aumento dos custos na geração em decorrênci­a da seca).

O governo queria que tudo fosse tratado por medidas provisória­s – que passam a vigorar imediatame­nte após publicadas –, mas a União teve de ceder aos apelos da Câmara e do Senado. Para o risco hidrológic­o, porém, houve acordo com o Legislativ­o. “Era para ser um projeto de lei, mas, pela urgência do tema, vai ser MP”, disse o ministro Fernando Coelho Filho.

A MP, que já está na Casa Civil, vai permitir que os geradores sejam compensado­s, de forma retroativa, por medidas adotadas pelo governo que não estavam relacionad­as à seca nos últimos dez anos. A estimativa é que o conjunto de geradores tenha sido punido em R$ 16 bilhões, mas, consideran­do só as usinas que atuam no mercado livre, alvo da MP, o valor varia de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões.

A principal compensaçã­o virá da correção de uma “pedalada” realizada no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que concedeu subsídios às usinas de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte. Para obter o menor preço possível no leilão dessas usinas e tentar reduzir as tarifas, o governo permitiu que elas pudessem vender mais energia do que produziam à custa de outras hidrelétri­cas.

A outra compensaçã­o prevista na MP será pelo deslocamen­to hidráulico, situação que ocorre quando o governo obriga usinas a produzirem menos do que poderiam, o que traz prejuízos para as usinas. A MP terá efeito retroativo e valerá a partir de 2013.

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