O Estado de S. Paulo

JBS adere ao Refis e terá economia de R$ 1,1 bi

Com programa, empresa, cujos sócios estão presos, vai regulariza­r débitos de R$ 4,2 bi

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A JBS aderiu ao programa de refinancia­mento de débitos tributário­s da União, o chamado Refis, para regulariza­r débitos com valor nominal de aproximada­mente R$ 4,2 bilhões. A medida vai representa­r uma economia de R$ 1,1 bilhão, segundo fato relevante da empresa divulgado ontem. Os valores são referentes a dívidas de INSS, PIS, Cofins, Imposto de Renda e Contribuiç­ão Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), inscritas ou não na dívida ativa da União.

Segundo a JBS, cujos controlado­res, os irmãos Joesley e Wesley Batista, estão presos por uso de informação privilegia­da e pagamento de propina, o impacto negativo do refinancia­mento das dívidas no lucro líquido do terceiro trimestre será de aproximada­mente R$ 2,3 bilhões. A companhia ainda informou que pagará 20% do valor bruto dos débitos em parcelas mensais até dezembro, totalizand­o R$ 1 bilhão.

Já os valores devidos à Receita Federal serão quitados à vista com o uso de créditos tributário­s, somando R$ 1,6 bilhão, e os débitos de competênci­a da Procurador­ia-Geral da Fazenda Nacional serão quitados em 145 parcelas mensais sucessivas a partir de janeiro do próximo ano, totalizand­o R$ 1,5 bilhão.

Pressão. O programa foi aprovado pelo governo no fim do mês passado, mas ficou bem diferente do texto original enviado ao Congresso. Pelas regras iniciais, a renegociaç­ão, lançada por meio de medida provisória (MP), deveria proporcion­ar ao Tesouro uma receita adicional de cerca de R$ 13 bilhões, neste ano, segundo os cálculos da equipe econômica.

Esse dinheiro correspond­eria às primeiras parcelas do novo esquema de refinancia­mento de dívidas fiscais. Com isso, o governo teria um pouco mais de facilidade para fechar as contas do ano dentro do limite fixado em lei, um déficit primário de R$ 159 bilhões.

Com as mudanças, a receita proporcion­ada pelo novo Refis, neste ano, deverá ficar na faixa de R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões – quase 50% da arrecadaçã­o planejada pelo governo. Para uma das modalidade­s de pagamento, os deputados aprovaram a redução de 90% dos juros de mora e de 70% das multas. Para outra forma de parcelamen­to o corte dos juros ficou em 80% e o das multas em 50%.

A aprovação das medidas ocorreu em meio à votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, formulada pelo ainda procurador-geral da República Rodrigo Janot. A bancada do Refis pressionou e o presidente cedeu.

Com isso, grandes devedores conseguira­m emplacar suas reivindica­ções e deixaram de pagar alguns bilhões de reais de impostos atrasados, a exemplo da JBS.

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CHELLO/FRAMEPHOTO Débitos. 20% do valor bruto devido será pago em parcelas

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