O Estado de S. Paulo

Lojista diz, que se não baixar valores, não consegue vender

Consumidor­es de bens e serviços de informátic­a já notam preços menores na comparação com o ano passado

- Nicholas Shores

As despesas do fotógrafo Wagner Olegário, de 37 anos, para armazenar as imagens produzidas em seus trabalhos trazem um retrato da variação de preços de equipament­os de informátic­a de um ano para cá. O mesmo modelo de disco rígido (HD) externo com capacidade de 4 terabytes pelo qual ele diz ter pago R$ 650 em 2016 custa hoje R$ 500, uma queda de 23%. Em 2015, afirma Olegário, esse preço estava na casa dos R$ 550.

O alívio em um dos custos fixos de seu orçamento contribui para que o fotógrafo espere em 2017 um Natal melhor que o do ano passado. “Está sobrando um pouco mais para gastar nas compras de fim de ano”, diz.

A sensação de ter mais poder de compra não é compartilh­ada pela administra­dora Ana Cristina Dias, de 35 anos. Para ela, os preços de celulares se mantiveram estáveis, mas a renda “não aumentou”. “Antes, tinha mais facilidade de adquirir um aparelho. Neste Natal, vou ter de reduzir a quantidade das compras e ficar só no essencial”, afirma.

O pensamento vai ao encontro da avaliação do vendedor Bruno Araújo, de 26 anos, de que neste mês o movimento nas lojas está “mais devagar” que no mesmo período do ano passado. Ele trabalha em um quiosque de equipament­os de som e acessórios para celulares. “O pessoal tem economizad­o muito e quer comprar coisas boas e muito baratas. Aí fica difícil.”

Administra­dor de outro quiosque no mesmo espaço na Avenida Paulista, Renato

Han, de 33 anos, diz que a demanda reduzida o levou a diminuir o preço de acessórios para celulares em até 20%. “O pessoal ‘chora’ muito. Se não baixar, não vende.” Han afirma que o barateamen­to dos produtos de sua loja tem de respeitar a manutenção de uma margem de, no mínimo, 15% sobre cada item. “Preciso pagar aluguel e funcionári­o.” No segmento de serviços de informátic­a, a balança dos preços parece estar no meio termo. Dono de uma empresa de confecções, Marcos Dutra, de 40 anos, recorre com frequência a um serviço de manutenção de impressora­s. Diante do cenário de inflação dos últimos anos, ele já vê como favorável o fato de que não sentiu aumento no preço do serviço em comparação ao ano passado. Para que a sensação positiva se repita no Natal, a estratégia é pesquisar. “Já vou para as lojas com uma ideia de preço.”

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Folga. Wagner Olegário deve gastar mais

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