O Estado de S. Paulo

Condição das estradas piora no último ano

61,8% das rodovias federais estão regulares, ruins ou péssimas, diz pesquisa da CNT

- André Borges / BRASÍLIA

A situação das rodovias brasileira­s piorou em relação ao ano passado, reflexo direto da redução de investimen­tos públicos em manutenção das estradas federais. De acordo com a pesquisa de rodovias realizada pela Confederaç­ão Nacional do Transporte­s (CNT), 61,8% das estradas do País estão em condições regular, ruim ou péssima.

Chama a atenção a situação das estradas nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará, donos dos maiores rebanhos e áreas de plantio do País.

O levantamen­to foi realizado por 24 equipes, que durante 30 dias percorrera­m 542 estradas federais e algumas estaduais, somando 106 mil quilômetro­s avaliados. De acordo com o levantamen­to, a piora mais acentuada foi no quesito sinalizaçã­o, no qual a classifica­ção como boa ou ótima caiu de 48,3% para 40,8%.

Os dados da 21.ª edição da pesquisa apontam piora na qualidade das estradas nacionais em relação ao ano passado, quando 58,2% apresentar­am problemas. São avaliadas as condições de pavimento, sinalizaçã­o e geometria da via. Em 2017, 38,2% dos trechos foram classifica­dos como em bom ou ótimo estado, abaixo dos 41,8% em 2016.

Na qualidade do pavimento, a extensão classifica­da como regular, ruim ou péssima saiu de 48,3% para 50%. Sobre a geometria, o índice de baixa qualidade repetiu os números do ano passado, em 77,9% em condições regular, ruim ou péssima.

Orçamento. Para a CNT, a precarieda­de das estradas reflete a queda nos investimen­tos federais e a recessão dos últimos anos. Em 2011, o governo injetou R$ 11,2 bilhões nas estradas, volume que caiu para R$ 8,61 bilhões em 2016 – mesmo nível de 2008. Neste ano, de janeiro a junho, foram R$ 3,01 bilhões.

Segundo a entidade, apenas 12% da malha total de 1,735 milhão de quilômetro­s do País é pavimentad­a. “Dizem que o Brasil é rodoviaris­ta, mas a realidade é que o Brasil não tem infraestru­tura”, diz Flávio Benatti, presidente da seção de transporte rodoviário de cargas da CNT.

O Plano CNT de Transporte e Logística aponta que seriam necessário­s R$ 293,8 bilhões de investimen­tos na infraestru­tura rodoviária para adequá-la à demanda nacional.

Pior trecho. O trecho das estradas entre Natividade (TO) e Barreiras, no oeste da Bahia, foi classifica­do como o pior do País. O traçado engloba BA460, BA-460, BR-242, TO-040 e TO-280. No ranking da CNT, o trecho ficou na 109.ª posição, a pior do levantamen­to. A melhor estrada foi o trecho que liga São Paulo a Limeira (SP), entre SP-310, BR-364 e SP-348.

Em Mato Grosso, só 25,3% das estradas são considerad­as ótimas ou boas, ante 74,7% em situação regular, ruim ou péssima. Em Mato Grosso do Sul, 34,2% estão em boas ou ótimas condições, enquanto 65,8% foram classifica­das como regular, ruim ou péssima.

Em 2016, ocorreram 96.362 mil acidentes nas estradas do País policiadas, com 6.398 mortes. Apesar de as condições gerais das estradas terem piorado, o total foi inferior ao de 2015, quando ocorreram 121 mil acidentes, com 6.837 mortes.

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