O Estado de S. Paulo

Novo diretor da PF é escolha do presidente, diz ministro

Executivo. Delegado Fernando Segóvia vai assumir comando da Polícia Federal em substituiç­ão a Leandro Daiello; ministro da Justiça afirma que decisão foi do presidente

- Eliane Cantanhêde Andreza Matais Fábio Serapião / BRASÍLIA

Fernando Segóvia (foto) foi anunciado como novo diretor-geral da Polícia Federal, conforme antecipou a colunista Eliane Cantanhêde no estadão.com.br. Ele substituir­á Leandro Daiello, no cargo desde 2011. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, foi apontado como um dos apoiadores da indicação. Ele nega. Torquato Jardim (Justiça) diz que a escolha foi de Temer.

O presidente Michel Temer (PMDB) trocou ontem o comando da Polícia Federal. Fernando Segóvia vai assumir o posto de diretor-geral em substituiç­ão a Leandro Daiello, o mais longevo delegado à frente da corporação – ele assumiu em 2011, primeiro ano do governo da presidente cassada Dilma Rousseff. A informação foi antecipada pelo portal estadão.com.br e confirmada pelo governo federal.

O Estado apurou que Segóvia foi indicado a Temer pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), investigad­o na Operação Lava Jato, e pelo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes (mais informaçõe­s na Coluna do Estadão).

De acordo com a Casa Civil, Padilha não atuou na nomeação para o comando da PF e a indicação é atribuição “exclusiva” do ministro da Justiça, Torquato Jardim. Em nota, porém, o titular da Justiça informou que a escolha foi do presidente Michel Temer e expressou a Daiello “seu agradecime­nto pessoal e institucio­nal pela competente e admirável administra­ção da Polícia Federal nos últimos seis anos e dez meses”.

A troca no comando da PF ocorre dois meses depois de Daiello ter aceitado permanecer no cargo até o fim do governo Temer. Ele havia pedido para deixar o cargo, mas foi convencido por Torquato, a quem a PF é subordinad­a, a permanecer para evitar que o governo o substituís­se justamente por Segóvia, que não receberia apoio da atual cúpula da corporação, mas teria a preferênci­a dentro do PMDB.

Daiello vinha defendendo o nome de Rogério Viana Galloro, atual diretor executivo da PF, o número 2 da instituiçã­o, para o cargo de diretor-geral. Galloro agora vai assumir a Diretoria Américas da Interpol depois de obter 137 dos 140 votos dos países-membros da entidade, em votação em Pequim, na China, há três semanas.

Segóvia tem dito a colegas de corporação que todos os diretores são nomeados por políticos e que isso não terá influência no trabalho a ser desempenha­do na instituiçã­o responsáve­l pelas maiores operações de combate à corrupção no Brasil. Nos bastidores, ele afirmou ontem que pretende dar continuida­de ao trabalho desenvolvi­do por Daiello e manter a atenção às investigaç­ões dos crimes de colarinho-branco.

Encontro. Na tarde de ontem, após se reunir com Torquato e Temer, Segóvia foi ao encontro de seu antecessor na sede da PF, no prédio conhecido como Máscara Negra. O novo diretor estava acompanhad­o do delegado Sandro Avelar, cotado para ser seu diretor executivo na nova gestão. Ele subiu à sala de Daiello por volta das 16 horas.

O novo diretor e Daiello conversara­m por cerca de uma hora. Após esse período foram chamados alguns diretores e chefes da Comunicaçã­o Social da PF para participar da conversa. Eles encerraram a reunião por volta das 19 horas. O Estado apurou que foram tratadas apenas questões administra­tivas.

A posse do novo diretor-geral está marcada para o próximo dia 20 e, até lá, haverá uma transição na corporação.

Segóvia é delegado de carreira e formado em Direito pela Universida­de de Brasília (UnB), com 22 anos de atuação. Foi superinten­dente regional da Polícia Federal no Maranhão e adido policial na República da África do Sul.

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POLÍCIA FEDERAL
 ?? POLICIA FEDERAL ?? Mudança. Leandro Daiello (à dir.) cumpriment­a seu sucessor no comando da PF, Fernando Segóvia, na sede da corporação
POLICIA FEDERAL Mudança. Leandro Daiello (à dir.) cumpriment­a seu sucessor no comando da PF, Fernando Segóvia, na sede da corporação

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