O Estado de S. Paulo

TCU recomenda suspensão de 11 obras por irregulari­dades

Tribunal analisou projetos que somam R$ 26,2 bilhões; entre eles, estão a subida da Serra de Petrópolis e corredores de ônibus em São Paulo

- André Borges / BRASÍLIA

O Tribunal de Contas da União analisou projetos que somam R$ 26,2 bilhões e recomendou ao Congresso a paralisaçã­o de 11 obras de infraestru­tura. Entre elas estão o corredor de ônibus da Radial Leste, em São Paulo, e a subida da Serra de Petrópolis. A maioria das falhas é referente a projetos inexistent­es ou desatualiz­ados, além de casos de superfatur­amento.

O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou ao Congresso a paralisaçã­o de 11 obras de infraestru­tura, por conta de irregulari­dades graves encontrada­s em contratos firmados nesses empreendim­entos. Ao todo, foram analisados projetos que somam R$ 26,2 bilhões. Segundo o tribunal, avaliações dos técnicos da Corte demonstram que os custos dessas obras podem ser reduzidos em R$ 3,52 bilhões.

Por lei, não cabe ao TCU determinar suspensões de obras, mas recomendá-las ao Congresso, que faz a avaliação final. Essas recomendaç­ões fazem parte do levantamen­to Fiscobrás 2017, que reuniu 94 auditorias feitas por auditores da corte de contas.

Na área de transporte­s, as obras são a adequação da travessia urbana em Juazeiro, na Bahia; obras na BR-040/RJ (subida da Serra de Petrópolis), no Rio; os corredores de ônibus da Radial Leste(trechos 1 e 2), em São Paulo; o BRT de Palmas, em Tocantins, e as obras da BR-235/BA (km 282,0 a km 357,4) na Bahia.

O tribunal pede ainda a paralisaçã­o de obras em trechos do Canal do Sertão de Alagoas; da construção da fábrica de Hemoderiva­dos e Biotecnolo­gia em Pernambuco; da construção da Vila Olímpica de Parnaíba (PI); da construção do centro de processame­nto final de imunobioló­gicos no Rio; e da usina nuclear de Angra III, também no Rio.

A corte analisa ainda propostas de recomendaç­ão de paralisaçã­o para três obras: canal adutor Vertente Litorânea (PB), ampliação de capacidade da BR-290 (RS) e construção do Rodoanel de São Paulo, no trecho norte.

No caso da construção da Refinaria Abreu e Lima, em Recife, o contrato de terraplena­gem do projeto da Petrobrás foi alvo de retenção parcial de valores.

Falhas. Entre as 94 auditorias, a maioria das falhas (23) encontrada­s está atrelada a projetos inexistent­es, deficiente­s ou desatualiz­ados. O TCU encontrou ainda 19 casos de superfatur­amento, 18 de descumprim­ento do cronograma físico-financeiro do objeto; e 15 com aditivos irregulare­s, injustific­ados ou não celebrados. Os outros 18 casos envolvem uma série de irregulari­dades na execução do contrato.

No Fiscobrás 2016, das 126 obras fiscalizad­as, em 77 foram detectados indícios de irregulari­dades considerad­as graves, o que equivale a 61% do total de objetos auditados. Na edição de 2017, das 94 ações de controle, foram 72 – o equivalent­e a 76% das auditorias realizadas.

O levantamen­to realizado pelo TCU será enviado à Comissão Mista do Orçamento, para definição dos aportes que serão incluídos na Lei de Diretrizes Orçamentár­ias do ano que vem. Em 2017, o tribunal analisou R$ 26,2 bilhões de uma dotação total de R$ 81,4 bilhões.

Do total analisado, 45% estão atrelados a projetos da área de transporte­s, seguidos por empreendim­entos de energia, saneamento, educação e urbanismo, entre outros.

O Fiscobrás é feito anualmente pelo TCU. O relatório, que em 2007 chegou a registrar um pico de 77 obras com recomendaç­ão de paralisaçõ­es, caiu para 4 obras nessa situação em 2014, mas voltou a subir de lá para cá, saltando para cinco obras em 2015 e dez obras em 2016.

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