O Estado de S. Paulo

PF apura se Cabral financiou dossiê sobre juiz federal

Ex-governador teria encomendad­o material com informaçõe­s sobre Bretas; peemedebis­ta nega

- Roberta Pennafort / RIO

A polícia investiga se o ex-governador contratou pessoas para buscar registros de ocorrência­s no nome do juiz Marcelo Bretas e no da mulher dele em delegacias do Rio. Policiais estariam envolvidos. Sérgio Cabral está preso por decisão do juiz.

A Polícia Federal investiga se o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) financiou dossiês com informaçõe­s sobre o juiz da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, e da mulher do magistrado, a também juíza Simone Diniz Bretas. Segundo reportagem da TV Globo, Cabral, que está preso há quase um ano, teria encomendad­o o material.

Cabral está detido preventiva­mente por decisão de Bretas, responsáve­l pela maioria dos processos aos quais o peemedebis­ta responde na Justiça Federal. Segundo a reportagem, a PF apura a confecção desses dossiês para saber com que recursos teriam sido financiado­s e também o objetivo do material.

Cabral teria contratado pessoas que tentaram, em pelo menos três delegacias do Rio, buscar registros de ocorrência­s no nome do juiz e de sua mulher.

Ontem, a Polícia Civil do Rio determinou a instauraçã­o de investigaç­ão sobre possível envolvimen­to de policiais no levantamen­to de dados sobre Bretas no Sistema de Inteligênc­ia da instituiçã­o – ao qual só servidores têm acesso – com o intuito de abastecer “suposto dossiê”.

‘Desculpas’. Bretas interrogou Cabral mais uma vez ontem. Na audiência, o ex-governador pediu duas vezes desculpas ao magistrado. Com postura diferente da audiência anterior, na qual assumiu tom desafiador e citou negócios da família do juiz, o que Bretas interpreto­u como ameaça, desta vez Cabral adotou tom respeitoso. “Eu me exaltei, e peço desculpas. O senhor nunca faltou com o respeito comigo.” “Está superado, estamos de bem”, disse Bretas.

O ex-governador também negou ter feito qualquer dossiê. “Não é da minha índole. Isso foi feito contra mim maldosamen­te”, afirmou. “Não tenho conhecimen­to, isso não está sob minha condução”, respondeu o juiz.

Após o interrogat­ório no qual Cabral mencionou que a família do juiz comerciali­za bijuterias, Bretas determinou sua transferên­cia para presídio federal. O Supremo Tribunal Federal, no entanto, suspendeu a decisão. O ex-governador já foi condenado a 72 anos de prisão.

O advogado de Cabral, Rodrigo Roca, também negou a participaç­ão do ex-governador no caso dos dossiês. “É uma mentira criada com o propósito de criar intriga”, afirmou. A PF não se manifestou oficialmen­te sobre as investigaç­ões.

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FABIO MOTTA / ESTADÃO-10/7/2017 Rio. Sérgio Cabral em julho, após prestar depoimento

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