Raquel defende transferência de ex-governador
Em manifestação ao Supremo Tribunal Federal ontem, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu a transferência do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) para uma penitenciária federal de segurança máxima. Raquel vê o peemedebista como “líder de organização criminosa”.
O ministro Gilmar Mendes, do STF, decidiu no mês passado atender a um pedido do ex-governador para mantê-lo na unidade prisional de Benfica, no Rio, suspendendo a remoção de Cabral para o presídio federal de Campo Grande (MS), conforme havia sido determinado pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal do Rio.
“É por esta razão que, para evitar que o paciente (Cabral) exerça sua condição de líder de organização criminosa, com força política e poder de influência inegáveis no Estado do Rio de Janeiro, para obter e gozar de benefícios indevidos no cárcere e receber informações privilegiadas aptas a causar embaraços, intimidação e ameaçar ostensiva ou veladamente o magistrado competente para processar e julgar diversas ações penais que tramitam contra ele, é necessária sua transferência para um dos presídios federais, onde certamente o aparato institucional da segurança pública impedirá o recebimento pelo paciente de informações inadequadas e privilégios irregulares”, diz o documento.
Divergência. O Ministério Público Federal pediu a transferência de Cabral para penitenciária federal depois que o ex-governador citou em depoimento que Bretas tem familiares que vendem bijuterias. Para o ministro Gilmar Mendes, no entanto, não há nada “relevante” no episódio, já que a informação seria de conhecimento público. A procuradora-geral discordou.
“A conduta do paciente tem indícios de que foi direcionada a ameaçar o juiz que o processa e julga, pois mencionou informações relacionadas a familiares do juiz obtidas durante sua prisão, acrescida de fortes elementos indicativos do recebimento de privilégios indevidos no presídio em que se encontra custodiado”, afirma Raquel.