O Estado de S. Paulo

BB e Caixa querem adiar assembleia da Oi marcada para 6ª.

BB, Caixa e China Developmen­t Bank citam questões sensíveis que a empresa precisa resolver antes de submeter seu novo plano aos credores

- Mariana Durão / RIO Anne Warth / BRASÍLIA

Na véspera da Assembleia Geral de Credores que votará a aprovação de seu plano de recuperaçã­o judicial, a Oi ainda enfrenta um ambiente de incertezas e disputas entre credores e acionistas da companhia. Ontem, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e China Developmen­t Bank (CDB) – que, juntos, detêm R$ 8,4 bilhões em créditos a receber da tele – pediram um novo adiamento da assembleia ao juiz da 7.ª Vara Empresaria­l do Rio, Fernando Viana, responsáve­l pelo caso.

Os bancos públicos brasileiro­s sugeriram que a assembleia seja remarcada para 8 de dezembro, em primeira convocação, e no dia 18 do mesmo mês, em segunda chamada. A justificat­iva para o pedido é que desde o último pedido de adiamento, em 20 de outubro, foram mantidas intensas negociaçõe­s entre a Oi, os principais credores e outros agentes, mas que esse tempo não foi suficiente para se chegar a um consenso de alternativ­as viáveis para a reestrutur­ação da tele. Assim, uma decisão sobre o plano nesta sexta-feira seria prematura. Segundo apurou o Estado, o BNDES também deve solicitar o adiamento.

O BB menciona ainda a recente nomeação de diretores, a aprovação do documento de suporte ao plano de recuperaçã­o judicial (Plan Support Agreement – “PSA”) pelo conselho da empresa e o pedido da Agência Nacional de Telecomuni­cações (Anatel) para analisar os riscos embutidos à continuida­de dos serviços oferecidos pela Oi. “Tudo isso demonstra que não há ambiente seguro e consensual para a deliberaçã­o sobre o PRJ (plano de recuperaçã­o); ao contrário, há completa instabilid­ade”, diz o banco.

Para o China Developmen­t Bank, ainda existem questões sensíveis a serem resolvidas pela Oi antes que o plano de recuperaçã­o possa ser submetido à deliberaçã­o dos credores, incluindo pendências relativas ao tratamento da Anatel e de credores detentores de títulos internacio­nais (bondholder­s).

Em Brasília, o diretor de Regulament­ação e Assuntos Institucio­nais da Oi, Carlos Eduardo Medeiros, afirmou que a empresa está preparada para realizar a assembleia. Medeiros participou de audiência pública na Câmara dos Deputados sobre a empresa.

Mais prazo. Na manhã de ontem, porém, o conselho de administra­ção da Oi pediu mais prazo para dar detalhes à diretoria da Anatel sobre o PSA. O documento é um acordo por meio do qual alguns credores se dispõem a injetar novos recursos para capitaliza­r a empresa, enquanto a diretoria da Oi se compromete a pagar por seu apoio ao plano de recuperaçã­o judicial.

O prazo de mais sete dias pedido pelo Conselho da Oi também sinaliza que a assembleia de credores pode não ocorrer, pois não haveria tempo para detalhar o conteúdo do acordo antes de submeter o plano à votação. Por outro lado, há fontes que acreditam que mesmo sem ele a reunião pode ser realizada. O entendimen­to é que se o plano for aprovado pela maior parte dos bondholder­s, há compromiss­o tácito de aporte de capitais. Esses credores detêm juntos R$ 32,3 bilhões da dívida de R$ 64 bilhões da Oi.

A polêmica em torno da empresa ganhou novos contornos na semana passada, após o vonselho de sdministra­ção nomear dois novos diretores estatutári­os ligados ao empresário Nelson Tanure e à Pharol: Hélio Costa e João Vicente Ribeiro, que também são membros do Conselho de Administra­ção.

Na terça-feira, detentores de títulos da Oi representa­dos por Moelis e G5 Evercore voltaram à carga contra Tanure e Pharol. Em petição ao juiz Fernando Viana pediram a restrição de direitos políticos dos sete conselheir­os alinhados a esses acionistas, o afastament­o dos diretores recém-eleitos e o impediment­o de voto do Societé Mondiale e da Bratel – veículos pelos quais Tanure e Pharol detêm ações na Oi – em questões relativas à recuperaçã­o.

O Societé diz que a nomeação dos diretores se deu em conformida­de com a Lei das S/A e os estatutos da companhia.

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PAULO VITOR/ESTADÃO-17/6/2010 Débito total. Oi tem dívidas estimadas em R$ 64 bilhões

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