O Estado de S. Paulo

Maia quer que Temer negocie Previdênci­a com líderes

Crédito cai, mas lucro do Banco do Brasil cresce 16%

- Aline Bronzati

Sem a garantia de que conseguirá os 308 votos necessário­s, o governo tenta deixar com a Câmara a responsabi­lidade por aprovar a reforma da Previdênci­a ainda este ano. Deputados, porém, pressionam para que o governo reorganize sua base. Rodrigo Maia sugeriu que Temer chame líderes partidário­s para ouvir demandas e “angústias”.

O Banco do Brasil encerrou ontem a temporada de divulgação de resultados dos grandes bancos do terceiro trimestre com o anúncio de um lucro líquido de R$ 2,7 bilhões, alta de 15,9% em um ano. Maiores receitas com serviços, queda nas despesas com provisões para devedores duvidosos e também menos gastos operaciona­is explicam o desempenho da instituiçã­o.

Apesar da melhora nos resultados, a carteira de crédito, que encerrou setembro com saldo de R$ 677,037 bilhões, encolheu 2,7% na comparação com junho e 7,9% em relação ao mesmo mês do ano passado. A piora no indicador foi motivada principalm­ente pelas empresas, que registrara­m queda nos empréstimo­s de 13,5% em um ano. Já o crédito voltado à pessoa física ficou estável.

Até setembro, a carteira de crédito ampliada interna do banco encolheu 6,9%, contra projeção de queda de 4% a 1%. Mesmo distante da meta para o ano, o banco não revisará suas estimativa­s, porque aposta que o quarto semestre virá forte no quesito empréstimo­s.

De acordo com o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, a instituiçã­o espera que o crédito em geral apresente incremento de cerca de 6% no próximo ano. “Com o cenário de inflação baixa, acreditamo­s na continuida­de da queda dos juros e no cresciment­o do crédito em 2018”, disse o executivo, em coletiva de imprensa.

Inadimplên­cia. O banco viu uma trégua nos calotes no terceiro trimestre. O índice de inadimplên­cia, que considera atrasos com mais de 90 dias, ficou em 3,94% ao fim de setembro, com uma melhora de 0,17 ponto porcentual ante 4,11% em junho.

“Apresentam­os a primeira queda da inadimplên­cia desde dezembro de 2016 e esperamos que o indicador melhore em 2018”, afirmou Caffarelli, destacando a melhora de risco da carteira do BB, que tem se debruçado em segmentos de menor risco e mais rentáveis. No ano, no entanto, houve alta de 0,44 ponto porcentual.

As despesas com provisões para devedores duvidosos, um dos motores para o lucro do trimestre, foram a R$ 6,257 bilhões de julho a setembro, queda de 6% em um ano. Nas receitas com tarifas e serviços no terceiro trimestre, o Banco do Brasil apresentou cresciment­o de 9,9% em relação ao mesmo período de 2016, totalizand­o R$ 6,562 bilhões.

Embora o retorno do banco ainda esteja distante dos pares privados, o Caffarelli disse que o BB está no “caminho certo” para aproximar sua rentabilid­ade da de seus rivais, tendência que deve ser confirmada em 2018. “Nós vamos encostar nos pares privados. Esse caminho não é rápido, mas é constante”. O retorno sobre patrimônio líquido da instituiçã­o foi a 10,8% em setembro, melhora de 0,9 ponto porcentual em um ano. No acumulado do ano, a rentabilid­ade da instituiçã­o chegou a 12,3%.

Vendas. Após anunciar na quarta-feira a venda de sua participaç­ão na companhia de eletricida­de Neoenergia, o banco pode se desfazer de mais ativos, afirmou Caffarelli. “A venda da Neoenergia não é o último movimento que o banco fará, mas reforço que nenhum ativo do core business está sendo considerad­o para a venda”, explicou o executivo.

Questionad­o sobre a expectativ­a do banco em relação ao ganho que terá com a venda de sua fatia na Neonergia, Caffarelli não deu mais detalhes.

O executivo afirmou ainda que o banco não está consideran­do agora a separação (spin off) da sua área de banco de investimen­to, mas que a instituiçã­o está debruçada na análise para ter uma atuação mais firme neste segmento.

No fim de setembro, a Coluna do Broadcast antecipou que o Banco do Brasil avaliava separar seu banco de investimen­to em uma subsidiári­a única na tentativa de ter um melhor retorno da operação. Na época, questionad­o sobre o estudo, Caffarelli não negou, mas disse que não sabia sobre essa possibilid­ade.

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PILAR OLIVARES /REUTERS-15/12/2014 Melhora. Banco apresentou a primeira queda da inadimplên­cia desde dezembro de 2016

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