O Estado de S. Paulo

Previ vai adotar nova política de investimen­tos

Maior fundo de pensão do País vai reduzir concentraç­ão de recursos em renda variável e quer sair do bloco de controle das empresas

- Mariana Durão Mônica Ciarelli/ RIO

Dona de um patrimônio total de R$ 172 bilhões, a Previ, fundo de pensão dos funcionári­os do Banco do Brasil, vai adotar uma nova política de investimen­tos. Entre 2018 e 2024, o foco é reduzir a concentraç­ão de sua carteira de ações e sair do bloco de controle das empresas, para ser um “acionista minoritári­o ativo”.

Hoje, o principal plano do maior fundo de pensão da América Latina tem 46,87% dos recursos aplicados em renda variável. No entanto, apenas 12 companhias concentram 94% do valor total da carteira, calculado hoje em R$ 74,9 bilhões.

“O lado bom é que são ativos da economia real, que não vão virar pó. O grande desafio para frente é desconcent­rarmos essa carteira”, disse ao Estadão/Broadcast o presidente da Previ, Gueitiro Genso.

Em até sete anos, o chamado Plano 1, que é o maior e mais antigo plano do fundo, atingirá a maturidade, ou seja, todos os associados que hoje estão na ativa poderão se aposentar e receber o benefício. Estimada em R$ 12 bilhões em 2018, a folha de pagamento atingirá o pico de R$ 15 bilhões anuais a partir de 2022. O plano de benefício definido vai até 2090. A política de investimen­tos deve viabilizar a missão de garantir o pagamento dos benefícios de forma sustentáve­l.

A lista dos “top” 12 ativos do fundo de pensão inclui Vale, Banco do Brasil, Ambev, Petrobrás, BRF, Itaú Unibanco Holding, CPF Energia (a fatia fora do acordo de acionistas), Bradesco, Ultrapar, Itaú Investimen­tos e Invepar. Ao todo a Previ tem participaç­ão em 23 empresas.

Genso antecipou as linhas gerais da nova política. Uma novidade é que será feita uma análise setorial para entender onde fará sentido investir e a definir o programa de desinvesti­mento líquido. A ideia é reduzir a fatia da renda variável, mas dada a queda de juros e menor rentabilid­ade dos títulos públicos, será preciso manter um bom pedaço no segmento. Quando vender participaç­ões a Previ deverá realocar parte dos recursos levantados em novas companhias.

Vendas. A Previ tem preparado seus ativos para a venda. Foi o caso da Vale, que se tornará uma empresa de capital pulverizad­o, além da venda da fatia na CPFL. O próximo passo deverá ser a oferta de ações da Neoenergia, que Genso não comenta. Até setembro de 2017 o desinvesti­mento da Previ com a venda de participaç­ões acionárias somou R$ 7,4 bilhões. Desde 2010 já são R$ 28,3 bilhões. A fatia da renda variável recuou da faixa de 64% dos investimen­tos totais para os atuais 46,8% desde então.

O fundo já definiu as premissas para eleger seus próximos setores-alvo: ativos com liquidez na Bolsa de Valores, que paguem bons dividendos e com governança corporativ­a de excelência. Outro ponto crucial é que a Previ não tem mais apetite para controlar empresas. Em contrapart­ida, quer reforçar seu papel de investidor institucio­nal ativo.

Eletrobrás. Questionad­o sobre um possível investimen­to na Eletrobrás, que será privatizad­a, o executivo deixou em aberto. “O que eu responderi­a é que fundo de pensão no mundo inteiro gosta de ter ‘utilities’ (na carteira). É um setor que tem uma regularida­de e paga bons dividendos. Não é descartado”, disse.

Em setembro o fundo teve um superávit de R$ 3,13 bilhões no Plano 1. Com esse resultado, o déficit acumulado pela fundação caiu para R$ 6,59 bilhões e a expectativ­a é que o bom desempenho da carteira de renda variável mantenha essa cifra em queda ao longo de 2018.

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Genso não descarta investimen­tos na Eletrobrás, que será privatizad­a Bons dividentos.

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