O Estado de S. Paulo

Notificaçã­o de imóveis ociosos cai em São Paulo

Locais vazios ou subutiliza­dos têm IPTU maior; Prefeitura quer rever instrument­o

- Bruno Ribeiro

A notificaçã­o de imóveis ociosos na cidade de São Paulo para tributação de Imposto Predial e Territoria­l Urbano (IPTU) Progressiv­o despencou nos dez primeiros meses deste ano, segundo dados da Prefeitura. A gestão João Doria (PSDB) afirma que o instrument­o passa por um processo de revisão, mas promete retomar as notificaçõ­es. O IPTU Progressiv­o é um aumento de impostos para terrenos e imóveis vazios ou subutiliza­dos, de forma a combater a especulaçã­o imobiliári­a.

A alíquota do IPTU é de 1% do valor venal do imóvel. No caso do proprietár­io do bem considerad­o ocioso, é dobrada para 2% no ano seguinte à notificaçã­o. Essa proporção vai dobrando até o quinto ano, quando alcança o teto de 15%. Depois, o imóvel pode ser desapropri­ado.

Na capital, isso vale para áreas onde há operações urbanas e em lotes classifica­dos, no Plano Diretor, como Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis), voltadas à construção de moradias populares.

No ano passado, 522 imóveis foram notificado­s na capital por ociosidade. Neste ano, segundo dados da Secretaria Municipal de Licenciame­ntos, foram apenas 60. A cidade já tem, ao todo, 1.212 imóveis notificado­s sobre sua ociosidade.

A notificaçã­o ocorre depois que o imóvel desse tipo é cadastrado na secretaria. E o total de cadastros também despencou. Em 2016, foram 584 relatos. Neste ano, só 11, ainda segundo os dados do site da pasta.

Um imóvel pode ser notificado, caso reúna pelo menos uma dessas caracterís­ticas: é um terreno desocupado ou em que a área edificada é muito pequeno, classifica­da como subutiliza­do. Também é possível a notificaçã­o para imóveis já edificados, mas não ocupados.

O consultor de urbanismo Paulo Sandrini, associado no Brasil ao Lincoln Institute, fundação norte-americana especializ­ada na gestão urbana e uso do solo, destaca a eficiência da aplicação do IPTU Progressiv­o no combate à especulaçã­o imobiliári­a. “Quando você tem um imóvel sem uso, o dono do imóvel pode estar esperando que ele se valorize. Quanto mais ele retém imóveis e não coloca no mercado, mais os preços sobem. A demanda encontra uma oferta reduzida”, afirma.

Mudanças. A Prefeitura diz que não vai acabar com o instrument­o. De acordo com a administra­ção municipal, após as notificaçõ­es dos imóveis já realizadas, que compreende­m uma área de 2 milhões de metros quadrados, a secretaria de Licenciame­ntos “entendeu necessário o desenvolvi­mento de iniciativa­s voltadas ao aprimorame­nto” do IPTU Progressiv­o.

Agora, segundo a gestão Doria, serão criadas “metodologi­a e diagnóstic­o quanto aos impactos decorrente­s de sua aplicação, em especial nas regiões centrais”, além do “aprimorame­nto na gestão processual e no monitorame­nto de notificaçõ­es ainda não cumpridas”.

A Prefeitura afirma ainda que foi preciso revisar informaçõe­s dos cadastros municipais. Havia uma previsão de 577 lotes que poderiam estar sujeitos à taxação extra, segundo os dados cadastrais da secretaria. Uma vistoria in loco, porém, revelou haver apenas 282 imóveis que se enquadrava­m nas regras que permitem a sobretaxa.

Em setembro, a gestão Doria desistiu de atualizar a Planta Genérica de Valores (PGV). Com isso, o IPTU para a maioria dos imóveis será corrigido somente pela inflação (3%) no ano que vem. O reajuste pela inflação valerá para 70% dos contribuin­tes do Município. Cerca de 500 mil, 30% dos pagantes, ainda têm aumentos represados do último reajuste da PGV, em 2014.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO-15/7/2016 Mudança. Cicloativi­stas temem mais inseguranç­a das vias; Prefeitura defende estudos

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