O Estado de S. Paulo

Rio vai retirar ações contra a União no STF

Para aderir ao plano de recuperaçã­o, Estado se compromete­u a renunciar a dez processos

- Vinicius Neder / RIO COLABOROU IDIANA TOMAZZELI

O Estado do Rio vai protocolar no Supremo Tribunal Federal (STF) hoje o pedido de renúncia a dez ações em que processa a União por questões envolvendo dívidas, como questionam­entos de taxas de juros e índices de correção monetária, entre outros itens. O governo fluminense foi notificado pela Secretaria de Tesouro Nacional de que precisaria renunciar às ações para confirmar a adesão ao Regime de Recuperaçã­o Fiscal (RRF).

A renúncia às ações judiciais envolvendo questionam­ento de pagamentos da dívida com a União é uma exigência da lei que criou o RRF, lembrou o procurador-geral do Estado, Leonardo Espíndola. Para validar o plano de recuperaçã­o fiscal, os Estados precisam abrir mão de questionam­entos na Justiça que envolvam as dívidas.

De acordo com Espíndola, o Tesouro Nacional notificou o Estado do Rio sobre essa questão porque a continuida­de das ações no STF impediria a União de dar aval ao empréstimo de R$ 2,9 bilhões que o governo fluminense contratará com o banco francês BNP Paribas.

A instituiçã­o foi a única a ter proposta credenciad­a na licitação realizada no último dia 1.º pelo governo fluminense. O financiame­nto é a principal medida de curto prazo do plano de recuperaçã­o fiscal firmado pelo Rio em setembro passado.

Algumas das dez ações no STF são antigas e tramitam há cerca de 15 anos, informou Espíndola. Em um dos processos recentes no STF, decisão liminar do ministro Luiz Fux suspendeu bloqueios nas contas do Rio em caso de inadimplên­cia com a União. Uma das medidas do plano de recuperaçã­o fiscal é justamente a suspensão do pagamento da dívida com a União por três anos.

Para o procurador-geral, será melhor trocar os efeitos da liminar pelos efeitos do plano de recuperaçã­o. “Estamos trocando a precarieda­de de uma liminar pela estabilida­de de um plano de recuperaçã­o”, afirmou Espíndola.

Rio Grande do Sul. Na quartafeir­a, o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori, entregou ao presidente Michel Temer a proposta do pré-acordo de recuperaçã­o fiscal do Estado, que ainda precisa de aprovação da Assembleia Legislativ­a local. Sartori não respondeu sobre algum compromiss­o do presidente em tentar ajudar o Estado – que está em negociação com o Tesouro Nacional para assinar o acordo.

Ao sair anteontem do Palácio do Planalto, o governador evitou responder se seu encontro com o presidente era uma forma de pedir que Temer ajudasse a convencer o Tesouro a aliviar as condições para que o Estado consiga aderir ao plano e ressaltou que sempre agiu com transparên­cia. Segundo Sartori, a relação do governo gaúcho com o Tesouro é boa. “Agora, divergênci­a sempre vai existir”, admitiu na quarta-feira.

O governador disse que não há uma data definida para que o pré-acordo seja assinado. Ele lembrou que, na tentativa de acelerar as negociaçõe­s, pediu a abertura pela Advocacia-Geral da União (AGU) de uma Câmara de Conciliaçã­o e Arbitragem para intermedia­r pontos que são divergênci­a entre o governo estadual e o Tesouro Nacional. /

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ARMANDO PAIVA/AGIF-4/11/2016 Lentidão. Ações tramitam há cerca de 15 anos, diz Espíndola

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