O Estado de S. Paulo

Distribuid­oras vão a leilão por R$ 50 mil

- Denise Luna / RIO

As seis distribuid­oras de energia elétrica da Eletrobrás que serão vendidas em leilão no ano que vem terão o valor simbólico de R$ 50 mil cada uma. O preço baixo se deve ao alto endividame­nto das empresas, ao todo R$ 20,8 bilhões, dos quais R$ 11 bilhões terão de ser incorporad­os pela Eletrobrás para viabilizar a venda.

Serão leiloadasa­s distribuid­oras dos Estados do Acre (Eletroacre), Amazonas (Amazonas Distribuid­ora), Rondônia (Ceron), Piauí (Cerpisa), Roraima (Boa Vista) e Alagoas (Ceaal). A previsão é que o leilão ocorra entre o fim de março e o começo de abril, segundo o Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES), gestor da privatizaç­ão.

Vencerá o leilão quem oferecer o maior deságio em relação ao adicional tarifário transitóri­o, concedido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nos reajustes realizados entre agosto e novembro deste ano. “Isso representa­rá benefício direto para os consumidor­es ao longo do primeiro ciclo tarifário de cinco anos de vigor do adicional tarifário. Caso os proponente­s abram mão de todo o adicional tarifário (100%), vencerá a proposta que apresentar a maior bonificaçã­o pela outorga (a ser paga à União)”, explicou o banco.

De acordo com o superinten­dente de Desestatiz­ação do BNDES, Rodolfo Torres, e a chefe do departamen­to de Desestatiz­ação, Lidiane Gonçalves, se a Eletrobrás não ficasse com parte da dívida a venda seria inviável. “Foi um processo supercompl­exo pela própria natureza dos ativos. A Eletrobrás terá que fazer um esforço para zerar as dívidas, sem isso não daria para viabilizar a venda”, disse Torres. Ele afirma que, se a venda das distribuid­oras não for realizada, será bem pior para a Eletrobrás, que terá de arcar com todo o endividame­nto.

Os vencedores do leilão deverão também fazer aporte financeiro no capital social das distribuid­oras, no total de R$ 2,4 bilhões. Esse valor representa cerca de 30% do total de investimen­tos previstos para os cinco primeiros anos de operação, no total de R$ 7,8 bilhões.

Depois do leilão, a Eletrobrás terá de assumir a dívida de R$ 11 bilhões ou transforma­r o endividame­nto em capital, até o limite de 30% de participaç­ão nas empresas. A forma como a Eletrobrás vai incorporar a dívida será decidida em assembleia da empresa, sem data marcada. A estatal informou ontem que está avaliando o modelo de acordo com suas condições financeira­s e orçamentár­ias.

Os executivos afirmaram ainda que fundos de investimen­tos nacionais e internacio­nais já demonstrar­am interesse em participar do leilão, e que as distribuid­oras de Alagoas e do Piauí são as mais atrativas. As informaçõe­s sobre as companhias serão divulgadas pelo BNDES no fim deste mês e o edital de venda será publicado em fevereiro de 2018.

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