O Estado de S. Paulo

Após supersafra, produção de grãos deve cair 8,9%

Mesmo com queda, perspectiv­a para a safra de 2018 continua sendo positiva; na avaliação de economista­s, impacto do recuo na inflação ainda não está claro

- Daniela Amorim / RIO Maria Regina Silva Thaís Barcellos / SÃO PAULO

O Brasil pode não colher outra safra recorde em 2018, segundo estimativa­s divulgadas ontem pelo IBGE. O tempo mais seco já atrasou o plantio de soja e criou uma perspectiv­a mais negativa também para a segunda safra de milho.

A produção nacional de grãos para o ano que vem foi estimada em 220,2 milhões de toneladas, 8,9% menos que as 241,6 milhões de toneladas previstas para este ano. A safra de soja deve ter um declínio de 6,3% em relação a 2017. “Estamos consideran­do que o clima não será tão bom como em 2017. A área plantada cresce, mas o rendimento cai”, apontou Carlos Barradas, gerente da Coordenaçã­o de Agropecuár­ia do IBGE.

O IBGE prevê ainda redução no cultivo de milho no País, com a migração das apostas de produtores para a soja. “Com o aumento da produção em 2017, os preços do milho caíram. O produtor certamente vai dar prioridade ao plantio da soja na próxima safra”, disse Barradas.

O economista Luiz Castelli, da GO Associados, estima que o PIB agropecuár­io possa ter um recuo de 2,0% em 2018 depois de um cresciment­o de 11,5% em 2017. “Mas como o PIB da agropecuár­ia representa só 5% do PIB total, geraria um impacto negativo de 0,1 ponto porcentual, ou seja, quase nada.”

Os efeitos da safra menor sobre a inflação ainda não estão claros. Alguns itens não são consumidos diretament­e pelo consumidor, como a soja e o milho, mas têm impacto nos preços de derivados e de alimentos de origem animal via ração. “O primeiro sinal que foi dado de certa forma é que terá um impacto de inflação. Não será imediato, mas tende a contribuir com um aumento de preços, porque vai encarecend­o a cadeia toda”, diz Marcel Caparoz, economista da RC Consultore­s.

Na avaliação de Barradas, do IBGE, o primeiro prognóstic­o para a safra agrícola brasileira de 2018 é bastante otimista, embora não alcance a produção recorde esperada para este ano.

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