O Estado de S. Paulo

Justiça decide adiar assembleia da Oi para o dia 7 de dezembro

Decisão reflete o clima hostil que persiste entre acionistas, credores e administra­dores da tele em recuperaçã­o judicial

- Rafael Moraes Moura Anne Warth / BRASÍLIA Mariana Durão / RIO

O clima hostil entre credores, acionistas e administra­dores da Oi, traduzido em falta de consenso sobre o melhor plano para reestrutur­ar a tele, levou a Justiça do Rio a adiar pela terceira vez a Assembleia Geral de Credores da empresa. A reunião que ocorreria hoje foi remarcada para o dia 7 de dezembro, com segunda convocação em fevereiro.

A ministra-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Grace Mendonça, disse que a decisão foi importante para o governo, pois haverá mais tempo para elaborar uma solução para as dívidas da companhia com a União.

“Agora nós teremos a tranquilid­ade de desenvolve­r o trabalho que possa trazer uma solução eficiente e a tempo de atender aquilo que é demanda da empresa e do interesse público”, afirmou Grace. Ela disse que os esforços são para evitar uma intervençã­o governamen­tal na operadora de telefonia.

A ministra é a líder de um grupo de trabalho formado pelo governo e pelos bancos públicos para buscar uma solução alternativ­a para as dívidas da Oi, protagonis­ta da maior recuperaçã­o judicial do País.

Na quinta-feira, Banco do Brasil, Caixa e China Developmen­t Bank pediram que a assembleia fosse adiada, assim como um grupo de credores detentor de R$ 22 bilhões títulos internacio­nais (bondholder­s) da empresa.

Complexida­de. O caso é complexo por envolver R$ 64 bilhões em dívidas, 55 mil credores e interesses opostos. Credores tentam limitar o desconto da dívida, enquanto os principais acionistas da tele, o empresário Nelson Tanure e a portuguesa Pharol, brigam para evitar a diluição de sua fatia na tele.

A tensão aumentou na sextafeira passada, quando o conselho de administra­ção, no qual a maioria dos membros apoia Tanure, rejeitou a proposta alternativ­a enviada pelos maiores bondholder­s da Oi e aprovou uma nova versão do compromiss­o de apoio à recuperaçã­o judicial (Plan Support Agreement – PSA) com um grupo de credores batizado de G6.

O acordo aprovado enfrentava a resistênci­a da diretoria da tele por prever o pagamento de comissões que poderiam desfalcar o caixa da empresa.

Em uma manobra inesperada, o conselho nomeou como diretores Hélio Costa e João Vicente Carneiro. Alinhados a Tanure, eles poderiam sozinhos dar aval ao plano.

A reação veio por meio de uma petição de seus oponentes ao juiz da 7.ª Vara Empresaria­l, Fernando Viana, pedindo o afastament­o de sete conselheir­os e dos novos diretores.

Segundo Grace Mendonça, da AGU, a proposta do governo para a reestrutur­ação da Oi deve ser fechada antes da nova assembleia. O governo atua com cautela para “aplicar o remédio na dose certa”. Um dos pontos nevrálgico­s é o tratamento a ser dado aos créditos públicos. A Agência Nacional de Telecomuni­cações (Anatel) tem R$ 11 bilhões a receber e quer retirar sua dívida do processo. “Não há no governo pretensão de afastar a incidência da lei de recuperaçã­o judicial”, disse a ministra.

A Oi pediu socorro à Justiça em junho de 2016. Quando a decisão de Viana saiu, a operadora se preparava para fazer um ensaio geral da assembleia. O clima de guerrilha entre os grupos de credores e acionistas é apontado por uma fonte como contraprod­ucente, com grupos gastando energia e dinheiro com batalhas judiciais, em lugar de sentar para discutir a melhor solução para a companhia.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO-4/10/2013 Em último caso. Governo quer evitar intervençã­o na tele

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