O Estado de S. Paulo

Segóvia diz que PF vai ampliar ações contra corrupção

Para novo diretor da Polícia Federal, País vive processo ‘sistêmico’; ele fala em ‘melhoria na Lava Jato’ e afirma que tem de agir ‘politicame­nte’

- Fabio Serapião / BRASÍLIA

O novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, disse ontem que a corrupção é “sistêmica” no Brasil e que pretende ampliar as operações feitas pela corporação, incluindo a Lava Jato. Questionad­o sobre alterações na equipe da Lava Jato, Segóvia disse que o tema está sendo tratado na transição e as mudanças serão “naturais” e “paulatinas”.

“A corrupção neste país é sistêmica, mas existe a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e vários órgãos que a combatem. Pretendemo­s continuar cada vez mais fortes nesse combate”, afirmou Segóvia.

E completou: “A Polícia Federal está tranquila. A gente pretende continuar o trabalho e as mudanças serão feitas paulatinam­ente. Com certeza, sempre tem gente que está cansada e quer sair e tem gente nova que quer começar um trabalho”.

Indicado com o apoio do PMDB e aval do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, investigad­o na Lava Jato, Segóvia afirmou que sabe que terá de atuar politicame­nte. “Como diretorger­al tenho que trabalhar politicame­nte com vários órgãos, várias instituiçõ­es, o que não quer dizer que a gente não combata os crimes. As instituiçõ­es não cometem crimes, as pessoas cometem crimes. O que precisamos é melhorar as investigaç­ões, o foco das investigaç­ões.”

O novo diretor-geral assinou ontem seu termo de posse no Ministério da Justiça em solenidade que reuniu, além do ministro Torquato Jardim, o secretário nacional de Segurança Pública, general Carlos Alberto Santos Cruz, e o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Renato Dias. No evento, Torquato deu boas-vindas e apresentou seus auxiliares a Segóvia.

Ao tratar das operações da PF, o diretor disse que não será só uma ampliação, mas uma melhoria na Lava Jato. “Será em todas as operações que a Polícia Federal já vem empreenden­do e ainda ampliar, quer dizer, criar novas operações.”

Segóvia foi indicado pelo presidente Michel Temer para assumir o comando da PF no lugar do delegado Leandro Daiello, no cargo desde janeiro de 2011.

Para ele, a relação da PF com o Ministério Público Federal tem de ser de parceria. “O que a gente precisa, na realidade, é melhorar, talvez, a investigaç­ão, melhorar os focos nas investigaç­ões e, aí, combater melhor

Fernando Segóvia

esse tipo de crime, combatendo na realidade a essência da corrupção. Nisso a gente vai, vamos dizer assim, trabalhar em parceria com o Ministério Público Federal e outras organizaçõ­es para tentar melhorar esse combate.”

PGR. Após a assinatura do termo de posse, Segóvia seguiu para a Procurador­ia-Geral da República (PGR) para se encontrar com Raquel Dodge. O encontro não estava na agenda da PGR e foi solicitado pelo diretor-geral sob o argumento de se apresentar e cumpriment­ar a procurador­a-geral. A reunião durou cerca de duas horas.

Além de Raquel Dodge, participar­am os procurador­es Raquel Branquinho, Alexandre Camanho, Paulo Bonet e Alexandre Espinosa. O delegado foi um dos principais opositores do Ministério Público Federal à época da discussão sobre a PEC 37, que garantiu o poder de investigaç­ão ao Ministério Público. Com a visita, pretendeu demonstrar que as diferenças são parte do passado e o interesse em manter uma boa relação entre as instituiçõ­es.

Mudanças .O Estado apurou que Segóvia já definiu os nomes dos seis diretores que formarão a cúpula da sua gestão. Além de Sandro Avelar (diretor executivo), Eugênio Ricas (Combate ao Crime Organizado) e Cláudio Ferreira Gomes (Inteligênc­ia Policial), o novo diretor deve nomear o delegado Alfredo Junqueira para a diretoria de Administra­ção e Logística Policial. Com mais esse nome, apenas os possíveis titulares das diretorias Técnico-Científica e de Gestão de Pessoal ainda são mantidos em sigilo.

Depois de escolher sua equipe de diretores, Segóvia deve iniciar a análise sobre possíveis trocas nas 27 superinten­dências estaduais da corporação. Ainda não estão definidos quais Estados passarão por mudanças. Um superinten­dente que participou de uma videoconfe­rência com Segóvia afirmou ao Estado que, em um primeiro momento, serão substituíd­os apenas aqueles que solicitare­m o desligamen­to do cargo. Outras trocas devem ficar para o próximo ano.

“O que a gente precisa é melhorar, talvez, a investigaç­ão, melhorar os focos nas investigaç­ões e, aí, combater melhor esse tipo de crime, combatendo a essência da corrupção.” ‘Essência da corrupção’

NOVO DIRETOR-GERAL DA

POLÍCIA FEDERAL

 ?? RONALDO CALDAS/MJSP ?? Posse. Ministro Torquato Jardim (à dir.) cumpriment­a Fernando Segóvia, novo diretor da PF
RONALDO CALDAS/MJSP Posse. Ministro Torquato Jardim (à dir.) cumpriment­a Fernando Segóvia, novo diretor da PF

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