Levantamento do MP sobre pai de Bretas provoca mal-estar
Ministério Público diz que dados foram acessados porque o comerciante é locador de imóveis alugados pela instituição
A suspeita de um levantamento sobre a vida do juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal, responsável pelos processos da Lava Jato no Rio, provocou mal-estar entre a Justiça Federal e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
Depois da divulgação, pelo jornal O Globo, da informação de que o magistrado acreditaria estar sendo investigado por “policiais e até gente do MP”, a Procuradoria-Geral de Justiça confirmou ter levantado dados sobre o pai de Bretas. Ele seria locador de imóveis alugados pela instituição, e aquela seria uma checagem comercial de rotina, sem relação com o juiz.
Em nota, o Ministério Público informou que as pesquisas na base de dados do Portal de Segurança da Secretaria de Segurança, em 2016, “bem como em nome das empresas das quais o referido senhor é sócio”, visavam a levantar informações para subsidiar “procedimento administrativo de locação, pelo Ministério Público do Estado, de imóveis de propriedade do pesquisado, situados no município de Queimados”.
Em outro ofício enviado a Bretas, o procurador-geral de Justiça, José Eduardo Gussem, fala da “perplexidade” do MP com a informação sobre “a suposta participação de membro da instituição em investigações ilegais a respeito do magistrado e seus parentes”. Bretas afirmou ao Estado que não atua nessa investigação. “Só posso confirmar que meu pai aluga um imóvel para o MP do Rio de Janeiro, já há vários anos.” Dossiês. O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) foi apontado como suposto responsável pela pesquisa de informações para dossiê contra o juiz, conforme reportagem da TV Globo. O caso estaria sob apuração da Polícia Federal. Cabral nega ter ordenado a confecção de quaisquer dossiês.