O Estado de S. Paulo

Temer defende fundo eleitoral no Supremo

Em parecer encaminhad­o pela Presidênci­a, AGU afirma que criação de reserva não vai afetar investimen­tos do governo em programas sociais

- Breno Pires / BRASÍLIA

Em manifestaç­ão enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Michel Temer anteontem, a Presidênci­a da República defendeu a legalidade do Fundo Especial de Financiame­nto de Campanha estimado em R$ 1,7 bilhão e composto por 30% dos recursos de emendas parlamenta­res.

O fundo, que valerá nas eleições de 2018, é questionad­o no Supremo em uma ação direta de inconstitu­cionalidad­e (ADI) de autoria do Partido Social Liberal (PSC). O projeto que cria a reserva de recursos públicos foi aprovado pelo Congresso e sancionado pela Presidênci­a no início de outubro como uma alternativ­a à proibição de financiame­nto empresaria­l, vetado pela Corte em 2015.

A relatora da ADI, ministra Rosa Weber, decidiu na semana passada submeter ao plenário da Corte o julgamento sobre o pedido e solicitou informaçõe­s ao Planalto e ao Congresso.

A manifestaç­ão da Presidênci­a, baseada em parecer da Advocacia-Geral da União (AGU), afirma que não houve ilegalidad­e na tramitação e não “há afronta à Constituiç­ão”.

Um dos argumentos usados pelo PSL na ação contra a criação do fundo é uma reportagem do Estado, que apontou que o fundo provocará no Orçamento do ano que vem um “rombo” de ao menos R$ 300 milhões. Para o PSL, há risco de danos “aos direitos sociais dos cidadãos brasileiro­s”.

A AGU rebate este argumento, afirmando que as emendas de bancada estadual de execução obrigatóri­a não são, necessaria­mente, reservadas à saúde, à educação, à habitação e ao saneamento. O órgão afirma que, se o Supremo conceder a liminar pedida na ação, levará à “alteração do processo eleitoral a menos de um ano das eleições de 2018”. Para a AGU, isso também feriria trecho da Constituiç­ão que diz ser necessária segurança jurídica em eleições.

A Câmara enviou manifestaç­ão dizendo que a tramitação do projeto de lei que deu origem à criação do fundo “foi processado” na Casa “dentro dos estritos trâmites constituci­onais”. O Senado não se manifestou sobre o tema até a conclusão desta edição.

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MARCOS CORRÊA/PR-6/11/2017 Texto. Manifestaç­ão do presidente afirma que não há ilegalidad­e no fundo eleitoral

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