DUTERTE DIZ QUE MATOU AOS 16 ANOS
Presidente filipino já admitiu outras mortes
Em um discurso em defesa de sua guerra contra as drogas, à margem do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), no Vietnã, o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, afirmou ter matado uma pessoa a facadas quando era adolescente.
Em dezembro, Duterte já havia admitido ter matado três homens quando era prefeito de Davao para dar exemplo à polícia. No período em que governou a cidade – 20 anos –, ele ganhou fama por reprimir crimes de maneira brutal e chegou a ser acusado de patrocinar esquadrões da morte.
“Quando eu era adolescente, entrava e saía da prisão, por brigas”, afirmou o presidente filipino. “Com 16 anos, matei alguém. Uma pessoa de verdade, em uma briga, a punhaladas. Eu tinha apenas 16 anos. Foi por um simples olhar. Quanto mais agora que sou presidente?”
Duterte, de 72 anos, foi eleito em 2016 após prometer que erradicaria o narcotráfico no país, eliminando 100 mil supostos traficantes e usuários de drogas. Desde a sua chegada ao poder, há 16 meses, a polícia anunciou ter matado 3.967 pessoas. Outras 2.290 morreram em casos vinculados às drogas. Milhares de pessoas perderam a vida em circunstâncias ainda não esclarecidas, segundo a polícia.
Também ontem Duterte ameaçou “esbofetear” Agnès Callamard, enviada especial da ONU sobre execuções sumárias ou arbitrárias. Além disso, chamou de “filhos da p...” seus críticos.
O presidente continua muito popular no país – com aprovação acima de 80%, segundo pesquisa do Pulse Asia de setembro –, onde muitos estimam que a segurança melhorou. Seus opositores, nas Filipinas e no exterior, o acusam de orquestrar execuções extrajudiciais em massa, cometidas por policiais corruptos e milicianos. Duterte nega incitar os agentes ao assassinato, mas regularmente faz declarações públicas nesse sentido. Frequentemente, Duterte pede aos jornalistas que não levem tudo “ao pé da letra”, ressaltando que gosta de empregar “hipérboles”.