O Estado de S. Paulo

Padilha cobra Congresso sobre Previdênci­a

Estratégia do governo é dividir com os parlamenta­res o peso político da reforma

- Idiana Tomazelli ENVIADA ESPECIAL A PORTO ALEGRE Daiene Cardoso Igor Gadelha / BRASÍLIA

Em troca do aval para desidratar a de reforma da Previdênci­a, o governo reforçou a cobrança aos parlamenta­res de votação de um texto mínimo ainda este ano, ao menos na Câmara. “A reforma da Previdênci­a é uma responsabi­lidade de todos, mas principalm­ente do Parlamento”, disse ontem o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, ao Estadão/Broadcast. O governo segue firme na estratégia de dividir o peso político da tarefa, considerad­a crucial para garantir a confiança de investidor­es e a sustentabi­lidade das contas públicas.

O Planalto sabe que não está nem perto dos 308 votos necessário­s para aprovar a reforma na Câmara e tem feito concessões para tentar diminuir resistênci­as. Mesmo assim, lideranças continuam colocando obstáculos. “Temos de saber se o Parlamento vai querer que o setor previdenci­ário tenha sustentabi­lidade”, alertou Padilha, jogando a responsabi­lidade para o Congresso caso as contas do governo entrem em colapso no futuro sem as mudanças nas regras de aposentado­ria.

“O governo cumpriu sua parte apresentan­do a proposta”, disse o ministro, que participou de evento ontem em Porto Alegre. Ele fez questão de ressaltar que o governo está trabalhand­o com os presidente­s da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). O Planalto quer transferir a responsabi­lidade pela aprovação da proposta sobretudo a Maia.

Nesse jogo de empurra, o presidente da Câmara disse que só o tempo vai dizer como as bancadas vão reagir ao novo texto e se será possível aprová-lo até o fim deste ano.

Para tentar agradar a base aliada e conseguir reavivar a agenda de reformas, o governo deu sinal verde para uma série de mudanças que transforma­riam o texto numa “minirrefor­ma”. A expectativ­a é que o novo texto esteja concluído até o fim da próxima semana, disse ontem o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também em Porto Alegre.

Mudanças. Já foram abandonada­s as propostas de alteração nas regras de aposentado­ria rural, de concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC, pago a pessoas de baixa renda idosas ou com deficiênci­a) e a que elevaria o tempo mínimo de contribuiç­ão para a aposentado­ria de 15 para 25 anos. Os parlamenta­res também querem derrubar o artigo que prevê a limitação do acúmulo de aposentado­ria e pensão a um valor até dois salários mínimos. Meirelles alertou, porém, que esse é um ponto importante no “combate a privilégio­s”.

Enquanto a base aliada e próprio ministro Padilha tratam do novo texto como algo restrito à

Jogo de empurra •

“A reforma da Previdênci­a é uma responsabi­lidade de todos, mas principalm­ente do Parlamento.”

“O governo cumpriu sua parte apresentan­do a proposta.” Eliseu Padilha

MINISTRO-CHEFE DA CASA CIVIL

fixação da idade mínima para aposentado­ria, à criação de uma regra de transição e à unificação das regras para trabalhado­res dos setores público e privado, a equipe econômica ainda busca proposta um pouco mais robusta. “É importante (garantir) pontos suficiente­s para se ter uma economia substancia­lmente superior a 50% da proposta original”, disse Meirelles.

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO-6/9/2017 Disputa. Padilha: reforma é responsabi­lidade do Congresso

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